ATA DA SEPTUAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 15.9.1993.
Aos quinze dias do mês de setembro do ano
de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Septuagésima Quinta
Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira
Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi
Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta,
João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro
Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem
distribuídas em avulsos cópias da Ata da Septuagésima Quarta Sessão Ordinária,
que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram Ofícios do Senhor Prefeito Municipal
de Porto Alegre nºs 562, 563, 566/93. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador
Airto Ferronato, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 120/93 (Processo nº
2335/93) e 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de
Informações nº 141/93 (Processo nº 2354/93) e 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Luiz Braz, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 121/93 (Processo nº
2338/93); pelo Vereador Luiz Negrinho, 02 Pedidos de Providências, pelo
Vereador Dilamar Machado, 01 Pedido de Providências. A seguir, o Senhor
Presidente comunicou a presença na Mesa dos trabalhos da Direção da Empresa
Trensurb, composta pelos Senhores Adão Faraco, Diretor Superintendente;
Berfran Rosado, Diretor de Administração e Finanças; Renato Guimarães Oliveira,
Diretor de Operações e Pedro Bich Neto, Superintendente de Desenvolvimento e
Expansão. Em continuidade, passou a palavra ao Senhor Adão Faraco, supra
qualificado, que falou sobre a importância da Empresa Trensurb para Porto
Alegre e Região Metropolitana, registrando o pouco conhecimento dessa Empresa
por parte da comunidade da Capital e Região Metropolitana. Teceu
considerações, ainda, sobre a necessidade de extensão da linha do Trensurb até
o Município de São Leopoldo. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra
aos Vereadores Jocelin Azambuja, Lauro Hagemann, Henrique Fontana, Eloi
Guimarães, João Dib, Airto Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Fernando Zachia, Jair
Soares, Luiz Braz e Mário Fraga, que teceram considerações e formularam
questionamentos ao Senhor Adão Faraco sobre a situação da Empresa Trensurb. Em
continuidade, o Senhor Presidente informou aos Senhores Vereadores que há
tratativas no sentido de efetivar uma visita de Suas Excelências à Empresa
Trensurb, suspendendo regimentalmente os trabalhos às quinze horas e trinta e
nove minutos. Às quinze horas e quarenta e seis minutos foram reabertos os
trabalhos, constatada a existência de “quorum”, e foi iniciado o período de
PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 110, 114/93, este discutido pelos Vereadores João Dib, Clóvis
Ilgenfritz e Guilherme Barbosa, 101 e 108/93, este discutido pelo Vereador João
Dib, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 06/93, o Substitutivo de autoria do Vereador Décio Schauren ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 214/91, este discutido pelo Vereador Clóvis
Ilgenfritz, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 80/93, este discutido pelo Vereador
João Dib, e os Projetos de Lei do Executivo nºs 69 e 62/93, este discutido
pelos Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 27/93 e o Projeto de Lei do Legislativo nº
111/93; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nº 102 e 105/93, e o
Projeto de Lei do Executivo nº 39/92. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Airto
Ferronato externou sua posição sobre a situação interna do PMDB frente ao
quadro político hoje observado no País. Declarou existirem, em seu Partido,
segmentos marcados pela busca de cargos, os quais deverão revisar suas posições
ou optar pelo seu afastamento. Analisou os motivos que levaram o PMDB a
conceder apoio ao Governo Federal, lamentando atitudes assumidas pelo Senhor
Luís Antonio Fleury Filho, classificando-as de “eleitoreiras” e dizendo que o
PMDB gaúcho não compactua com as posições desse político. O Vereador João Dib
referiu-se ao discurso feito pelo Vereador Henrique Fontana, na última Sessão,
em que esse Vereador criticou a atuação de Sua Excelência enquanto à frente do
Executivo Municipal, declarando-se “magoado” com as posições assumidas pelo
Vereador Henrique Fontana, e dizendo nunca ter cassado qualquer servidor
enquanto Prefeito Municipal. Ainda, criticou a política salarial adotada pelo
Prefeito Tarso Genro, traçando paralelo entre a mesma e aquela adotada por Sua
Excelência quando Prefeito de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência
de “quorum”, foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, de
alteração da ordem dos trabalhos, iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em
prosseguimento, foi aprovado Requerimento do Vereador Jair Soares, de Licença
para Tratar de Interesses Particulares, no dia dezesseis do corrente. Ainda,
foi aprovado o Parecer nº 239/93, da Comissão de Constituição e Justiça, por
vinte e um Votos SIM contra quatro Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim
os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, este com Declaração de Voto,
Clóvis Ilgenfritz, Divo do Canto, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique
Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho,
Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Pedro Ruas, Gerson Almeida, Dilamar Machado,
Eliseu Santos, Geraldo de Matos Filho e Jocelin Azambuja, votado Não os
Vereadores Jair Soares, João Dib, Pedro Américo Leal e Fernando Zachia, e
optado pela Abstenção o Vereador Nereu D’Ávila. Este Parecer foi encaminhado à
votação pelos Vereadores Nereu D’Ávila, Luiz Braz, João Dib, Jair Soares, João
Motta, Maria do Rosário, Pedro Ruas e Lauro Hagemann, e submetido à votação
nominal por solicitação da Presidência. Em Discussão Geral e Votação Nominal,
Urgência, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 100/93, por vinte e
cinco Votos SIM e duas ABSTENÇÕES, tendo sido discutido pelos Vereadores João
Dib e Maria do Rosário e encaminhado à votação pelos Vereadores Milton Zuanazzi
e Gerson Almeida, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto,
Eliseu Santos, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Jocelin
Azambuja, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton
Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Gerson Almeida, e optado
pela Abstenção os Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal. Em Discussão Geral
e Votação Nominal foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 98/93, por
vinte e três Votos SIM e duas ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto,
Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu
D’Ávila, Pedro Américo Leal, Wilton Araújo e Gerson Almeida, e optado pela
Abstenção os Vereadores Eliseu Santos e João Dib. Ainda, foram aprovados
Requerimentos dos Vereadores Wilton Araújo e Maria do Rosário, solicitando que
os Projetos de Lei do Legislativo nºs 98 e 100/93, respectivamente, sejam
dispensados de distribuição em avulsos e interstício para suas Redações Finais,
considerando-as aprovadas nesta data. A seguir, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Vereador Airto Ferronato, de Voto de Congratulações com a
FRACAB - Federação Riograndense de Associações Comunitárias e de Amigos de
Bairros, pela passagem de seu aniversário; do Vereador Antonio Hohlfeldt, de
Votos de Congratulações com a Senhora Edviga Faley, por sua merecida
aposentadoria; do Vereador Eliseu Santos, de Voto de Congratulações com a Irmã
Matilde, pela passagem dos vinte e três anos do Hospital Banco de Olhos, com o
Comandante Geraldo Knippling, pelo lançamento do livro “O Rio Guaíba e a Lagoa
dos Patos”, com os Clubes de Desbravadores relacionados em anexo ao
Requerimento, pela brilhante participação no desfile da Parada da Mocidade,
alusivo à Semana da Pátria, com a Empresa de Transporte Coletivo Trevo, pelo
reconhecimento que a comunidade de Porto Alegre demonstra ao seu funcionário, o
motorista profissional Renato Stradolini, com a Federação Sul-Riograndense da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, pela participação dos Clubes de Desbravadores
na Parada da Mocidade promovida pela Secretaria de Educação do Estado do Rio
Grande do Sul, este votado destacadamente por solicitação do Vereador Dilamar
Machado; do Vereador Jocelin Azambuja, de Votos de Congratulações com a
Associação Nacional de Jornais, pela publicação do “Expediente Ler”, com a
Associação Riograndense de Imprensa, ARI, pela passagem do Dia da Imprensa, com
a Senhora Maitê Provenzano Luz, por sua posse como Presidente do conselho
Estadual dos Direitos da Mulher; do Vereador Pedro Ruas, de Votos de
Congratulações com os componentes da relação anexa ao Requerimento, pela instalação
de Comissão Especial de Direito do Consumidor, com o Senhor Albino Moro, pela
inauguração do zoológico no aniversário de quinze anos da Cantina do Bino; do
Vereador Pedro Ruas, de Voto de Congratulações com o Senhor Renato Tadeu de
Matos Stradolini, pelo recebimento do título de Motorista dos Aposentados e
por ser o Motorista Modelo de Porto Alegre. Ainda, foi aprovado Requerimento
do Vereador Décio Schauren, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 27/93 seja considerado em regime de urgência e submetido à
reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça e de Economia e Defesa
do Consumidor, por quinze Votos SIM contra seis Votos NÃO e três ABSTENÇÕES,
após ter sido encaminhado à votação pelo Autor, tendo votado Sim os Vereadores
Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Divo do Canto, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do Rosário e Pedro
Ruas, votado Não os Vereadores Dilamar Machado, Eliseu Santos, Geraldo de Matos
Filho, Jair Soares, João Dib e Pedro Américo Leal e optado pela Abstenção os
Vereadores Fernando Zachia, Jocelin Azambuja e Nereu D’Ávila, e tendo sido, este
Requerimento, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Wilton
Araújo. Após, foi apregoado Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa,
solicitando Moção de Repúdio à decisão que concedeu “habeas corpus" a
Paulo Cesar Farias, o qual foi encaminhado à votação pelos Vereadores Jocelin
Azambuja, Dilamar Machado, Pedro Américo Leal e Guilherme Barbosa, sendo,
então, constatada a inexistência de “quorum”. Às dezoito horas e quatro
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene
a ser realizada amanhã, às dezessete horas, em homenagem ao Grêmio Football
Portalegrense, e convocando-os para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton
Araújo, Luiz Braz e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Airto
Ferronato e Milton Zuanazzi. Do que eu, Airto Ferronato, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada,
será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): O período inicial da nossa reunião de hoje,
para a satisfação da Câmara Municipal de Porto Alegre, vai abordar um assunto
que é de interesse de todos os Srs. Vereadores e da toda a cidade que é o
assunto transporte coletivo de massas. Já estão à Mesa o Diretor
Superintendente do Trensurb nosso querido amigo Adão Faraco, Diretor
Administrativo de Finanças Berfran Rosado, Diretor de Operações, funcionário
desta Casa, Renato Guimarães de Oliveira. O assunto que vão discorrer é sobre a
importância da empresa, a Trensurb, para Porto Alegre e a região metropolitana.
Sejam muito bem-vindos. Com a palavra, o Dr. Faraco.
O SR. ADÃO
FARACO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nossos diretores que já foram
nominados, Dr. Guimarães de Oliveira, que é funcionário desta Casa, cedido ao
Trensurb, Diretor de Operações; Dr. Berfran, que é Diretor de Administração e
Finanças e eu, temos a honra de participar desta reunião e saudarmos a cada um
dos Srs. Vereadores de todas as bancadas e os partidos políticos com assento
nesta Casa. Peço licença para fazer duas referências, Sr. Presidente. Há um
contemporâneo dos tempos de Faculdade de Filosofia da Universidade do Rio
Grande do Sul, líder estudantil que é o Ver. Hagemann, um abraço especial; e há
um outro contemporâneo, ao mesmo tempo em que fui prefeito na minha terra em
Alegrete ele era prefeito em Porto Alegre, João Dib, também um abraço especial
e que afinal estendemos a todos os homens e mulheres que fazem a importância do
legislativo da Cidade. Tendo sido eu Vereador de 1964 a 1968, posteriormente,
vice-prefeito com uma cassação de mandato pelo meio, depois Prefeito e, numa
íntima relação com a Câmara, valorizo extraordinariamente o trabalho que os
Senhores desenvolvem aqui e, por isso, a atitude desta Diretoria, que tem
apenas quatro meses à frente da Empresa Trensurb, procurou esses contatos com
os poderes constituídos das cidades a quem servem. Já visitamos os Senhores
Prefeitos de Porto Alegre, de Canoas, de Esteio, de Sapucaia e para onde a rede
deverá se expandir: São Leopoldo e Novo Hamburgo. Estamos visitando as Câmaras
de Vereadores; hoje, a de Porto Alegre. E por que isso? Já com alguma
experiência em administração pública, culminando com a de Vereador e de
Prefeito e, essa última, Secretário de Estado dos Transportes do Governo Pedro
Simon, e, agora, no âmbito federal, nós observamos que todo o serviço público,
tanto quanto for possível, que seja profundamente dos conhecimento do seu
público, tanto melhor para ser exercida a finalidade precípua de serviço. E o
que nós temos observado? Que a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A é,
realmente, pouco conhecida em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Como nós
temos dez minutos para falar, não vou entrar em detalhamentos. Mas, é
importante que se diga que, aos poderes públicos, ela deve-se dar a conhecer
mais. Se há uma quase indiferença de Porto Alegre e da Região Metropolitana em
relação à empresa, que essa indiferença, que pode estar assentada na própria
casa que é a Trensurb, se quebre por iniciativa de quem a sentiu. É isto que
estamos fazendo aqui.
É importante dizer sucintamente: se trata de uma
sociedade anônima de capital substancialmente federal. São 71% da Rede Ferroviária
Federal, 24% do Governo Federal, 4% do Governo do Estado do Rio Grande do Sul,
e 1% do Município de Porto Alegre.
Sendo uma empresa que presta serviço público no
transporte de massa justifica o que acontece pelo mundo todo essa participação
substancial do Governo Federal na manutenção de suas despesas.
Nós podemos dizer que no Orçamento de 93 está
prevista uma receita própria de 17%. Com alguns métodos aplicados nestes
últimos meses nós estamos já com uma majoração do previsto já de 27%.
O Governo Federal participa com absoluta
pontualidade relativamente ao suprimento das verbas necessárias para a
manutenção, sobretudo do custeio, onde chamo a atenção para o aspecto
fundamental da folha de pagamento fielmente paga na data prevista.
Esta diferença que vou manter para fins desta conversa, de 80% de manutenção pelo Governo Federal, não é única. Na Itália é de 80%, na França é de 62% a participação. Nos Estados Unidos é de 58%, na Alemanha 62%. Nós estamos reduzindo de 80 para 72, 73%. O que vale dizer que uma administração que seja objetiva., que se empenhe pode melhorar o perfil da produção da receita própria. É uma empresa que tem 1.151 funcionários, o orçamento de 1993 é de 3 bilhões e 128 milhões de cruzeiros reais. A expansão está prevista para as cidades, que os Senhores sabem, que é Sapucaia, São Leopoldo com a primeira etapa até Unisinos e a segunda é até São Leopoldo e Novo Hamburgo. É importante que se fale em expansão, e especialmente, no que está projetado. E quando eu falo em projeto é projeto de engenharia que é Sapucaia, Unisinos e São Leopoldo. Em tempos passados, um ano ou dois atrás, começou-se pelas duas pontas, e num entendimento com o Ministério dos Transportes chegamos à conclusão de que deve-se recomeçar as obras pela ponta de cá, para que se possa concluir e explorar economicamente, assim está sendo feito. Há 20 dias, retomamos as obras com a presença do Ministro dos Transportes e está aí o trabalho a todo favor. Estive dois dias agora em Brasília, tentando conseguir aumento de verba e de colocação de verba para o orçamento de 1994. Para que os senhores tenham idéia do que queremos fazer, aqui, diante do poder político, sobretudo do poder político da cidade, a proposta orçamentária do Governo Federal para Trensurb em 92 era de 3 trilhões de cruzeiros, de então. Esses 3 trilhões foram totalmente retirados da proposta no Congresso Nacional e graças aos Deputados Federais de todos os partidos do Rio Grande do Sul conseguiu-se repor 828 bilhões de cruzeiros. Ligamos um terço. Quem tirou? Os que podem mais no País: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e nós tínhamos ficado a zero. Os 828 bilhões sofreram 40% de abatimento, de corte, e nós estamos usufruindo em números redondos 500 milhões de cruzeiros reais. Pouco dinheiro para o que se quer construir, muito dinheiro para se conseguir aplicar, usar, gastar nas obras até dezembro. O consórcio que ganhou essa concorrência há uns anos atrás está orientado no sentido de acelerar o que for possível para que nós possamos avançar o que for possível. Os 800 bilhões em abril poderiam cobrir 70% da obra até a UNISINOS. “Esdruxulamente”, o Orçamento Federal começou a ser executado em agosto, quando teria que ter sido iniciado em janeiro e garantindo apenas 500 bilhões. Vai cobrir, certamente, 30% do que poderia ter sido, porque os preços, sobre isso não preciso argumentar. O que é importante, Senhores, e estamos aqui, buscando apoio, para 94, ouçam bem, 30 milhões de cruzeiros reais, está na proposta. Não dá para começar nada, nem para continuar o que está andando. É apenas o sinal para garantir a rubrica.
Então, Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia
querem manter esse serviço extraordinário que está na propaganda institucional,
rápido, seguro, pontual, confortável, indutor para o desenvolvimento dos
municípios que serve; não poluente, com economia de combustível, fazendo o
“desafogamento” da BR 116 e do centro de Porto Alegre com maior capacidade de
transporte, com segurança máxima, através do sistema de controle de tráfego
centralizado e de sinalização nas vias de trens. E eu leio, para não fazer
força com a imaginação, e aí todos vão ler a mesma coisa e é verdade. Ou nós
vamos valorizar isso e querer de fato ou vamos continuar indiferentes e essa
Empresa vai ser continuidade de erro passado? Qual seja? Foi projetada grande,
construíram pouco mais da metade da linha, os gastos são os mesmos que seriam
se explorassem até Novo Hamburgo, e a Empresa tem capacidade ociosa, portanto,
e tanto é verdade que quando tivermos chegado até Novo Hamburgo, não precisará
ter comprado um trem nem colocar mais nenhum funcionário, nem ampliar as
oficinas. Ora, a Empresa tem oito anos e quando se concluiu o que está aí, se
cometeu o erro da devolução de 20 milhões de dólares, quando se deveria ter
continuado a aplicação e forçado a continuação, porque esses 20 milhões não
poderiam concluir, quem sabe, um novo módulo, mas forçaria. E, aqui, eu acho
que posso convidar a todos os Senhores para bater no peito, o Rio Grande com
excesso de zelo pelo conceito de dignidade pessoal e política, afrouxa o garrão
ao concorrer com outros que não sei se têm o mesmo conceito, mais ou menos que
nós, mas a verdade é que levam. E nós, se não trazemos o que buscamos na
primeira empreitada, ofendemo-nos e não voltamos mais.
Brasília está construindo um metrô sem ter
necessidade dele. Ainda ontem visitava as obras, num ritmo ciclópico e nós aqui
achamos que é muito caro exercer esse trabalho de extensão até São Leopoldo,
com essa primeira etapa até a Unisinos. E pior ainda, a empresa não entrou
ainda no que é mais grave em Porto Alegre, nesta espinha trancada na garganta
de Porto Alegre que é a Assis Brasil, arredores e a sua extensão até a cidade
vizinha que é Alvorada, Gravataí e Cachoeirinha. É muito caro nove milhões de
dólares o quilômetro até a Unisinos, certamente está cinco vezes mais para
perfurar por baixo a Assis Brasil e desafogar Porto Alegre com todas essas
qualidades do nosso transporte, que tem como combustível a energia elétrica,
que não polui e tudo mais que poderia repetir. É muito caro, então o Rio Grande
não investe; é muito caro então o Rio Grande não concorre com São Paulo, Rio de
Janeiro, com Belo Horizonte, com Brasília, com São Luiz, com Salvador, e eles
estão levando, e nós não, senhores.
Acho que temos que fazer uma virada de mesa, mas
não serei eu ou o Beltrano ou o Sicrano, tem que ser Porto Alegre com toda a
sua expressão política, econômica, social, chegar e topar de cara com as
autoridades que planejam e que decidem, seja através de verbas federais, seja
através de captação de recursos externos, junto ao Banco Mundial. Este ano
outra vez, a empresa, Porto Alegre e a Região Metropolitana, perderam o que
estava cotado para nós, os milhões de dólares, porque não tem projeto de
engenharia definitivo para a expansão rumo a Assis Brasil e com isso, apesar de
toda a tenacidade que desenvolvemos, não conseguimos salvar porque ninguém faz
um projeto em dois, três anos. Vai ficar para o ano que vem. E se para o ano
que vem os Senhores Vereadores, com o nosso Governo do Estado, com o Governo da
Cidade, a Região Metropolitana, as expressões mais forte de natureza política,
econômica, comercial, etc. Não tomarem posição, esta população que cresce numa
avalanche fantástica, e neste eixo nordeste, muito mais do que em outras regiões
da cidade, nós não vamos aproveitar isto que está ao nosso alcance. É
necessário tomar uma posição.
Este é um depoimento simples, despretensioso, mas
correspondendo à responsabilidade de quem percebeu esta situação, que vai
continuar igual se não houver um desafio. Não é o desafio que eu,
eventualmente, possa trazer, mas que o fato representa. A Casa merece este
apoio, a empresa merece este apoio. Tem um alto corpo funcional, engenheiros de
primeira água, técnicos de outras áreas que não ficam atrás, do mais simples
funcionário ao mais alto. A empresa tem 99% de regularidade no seu
funcionamento.
Na segunda semana de trabalhos que estávamos aqui,
primeiros dias de maio, nós tivemos a oportunidade de receber a visita da
missão japonesa. Dá grau 10 para a empresa, senhores, em tudo. E, não obstante
alguns problemas de ordem administrativa, nós podemos admitir que, embora a
demanda tenha caído de 130 mil por dia para 107, agora já está em 110/112 por
dia, é perfeitamente possível haver esta recuperação, contanto que os poderes
públicos tomem posição e, especialmente, no que diz respeito à parte “despesa
própria”, conjugando esforços com a empresa privada, através do processo da
integração, isto tudo pode significar, financeiramente muito mais.
Eu acredito, senhores Diretores, que o fundamental
tenha sido dito, e nós ficamos à disposição dos senhores Vereadores.
Antes de encerrar, Senhor Presidente, eu fiz duas
saudações e quero fazer uma terceira, não a destempo, mas ainda em tempo, a um
dos Vereadores que eu não havia encontrado de chegada, o eminente Ver. Jair
Soares, Governador, e o Prefeito da minha terra, sobre quem sempre presto o
depoimento do quanto partidos diferentes podem colaborar, no mesmo sentido e
objetivos sociais, tão grande e numerosos foram os convênios feitos com sua
administração e por ter a população de Alegrete usufruído com o seu trabalho no
Governo. Presto sempre este depoimento e o faço, aqui, novamente. Meus
cumprimentos, Senhor Governador. Muito obrigado, Senhor Presidente, e estamos à
disposição para prestar esclarecimentos, com os Diretores, Engenheiros que nos
acompanham, como para, em outras oportunidades, planejarmos o que for
necessário para valorizar a expansão desta empresa, aqui na Região e a
otimização do que ela representa, em termos de recursos instalados ali, tanto
materiais, quanto humanos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nós pedimos que os Diretores permaneçam à Mesa. Haverá uma
manifestação das Bancadas. Inscreve-se a Bancada do PTB, com o Ver. Jocelin
Azambuja, após, a Bancada do PPS.
O SR.
HENRIQUE FONTANA (Questão de Ordem): Faremos manifestações ou
questionamentos à Direção do Trensurb?
O SR.
PRESIDENTE: Na verdade, regimentalmente, embora eu sinta que haja
necessidade de outro tipo de encaminhamento, mas regimentalmente, hoje, não
poderíamos nem inscrever, por não ser Tribuna Popular. Nós teríamos que
utilizar o tempo de Liderança dos partidos, mas como o assunto é interessante
para a Cidade, se o Plenário assim entender, podemos abrir uma exceção ao
Regimento e fazermos perguntar ao Diretor, e outro tipo de relação que possa
trazer maior proveito para a Câmara. Vejo que é esse o entendimento do
Plenário.
O SR. NEREU
D'ÁVILA (Questão de Ordem): O Vereador Jocelin Azambuja já está na Tribuna,
mas certamente Sua Excelência não trará nenhum problema, pois foi tão brilhante
a manifestação de Sua Excelência, Doutor Faraco, que nos enseja, mais do que um
pronunciamento formal, algumas dúvidas que possam advir dos Srs. Vereadores para
que nos ensejemos na sua luta, que a todos nós convidou.
O SR.
PRESIDENTE: Vamos trocar a dinâmica da Sessão, de forma excepcional,
abrindo inscrições para os Vereadores, para que façam, das suas próprias
tribuna, perguntas e manifestações, num tempo máximo de 3 minutos.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Acho importante esta quebra regimental, pois temos aqui,
com grande satisfação, o Dr. Faraco, e ressaltamos a nossa saudação cepemista,
pois ele foi Presidente do Círculo de Pais e Mestres lá em Alegrete, e já nos
reunimos algumas vezes lá, terra do meu pai. Nós gostaríamos de lhe
cumprimentar pela brilhante exposição e saudar também os diretores da empresa,
e esta preocupação que V.Ex.ª nos traz neste momento é uma preocupação que
todos nós temos de ver esta realidade gritante que é a nossa omissão como
sociedade em buscar investimentos fortes na área de transportes. Hoje pela
manhã fazíamos um debate, numa das rádios da Capital, com Vereadores, Partidos
do Governo e Oposição, justamente sobre a realidade: Porto Alegre parou na área
dos transportes, Porto Alegre está afogada, a Grande Porto Alegre está afogada,
e uma das formas seria justamente implementarmos, com mais eficiência, esta
linha do Trensurb, estendendo-a até Novo Hamburgo. Achamos que para isso o seu convite
é uma mobilização e é fundamental, e fica aqui uma sugestão ao Presidente desta
Casa e a todas as Bancadas, que nos organizemos para o encontro com as Câmaras
de Vereadores dos Municípios de Canoas, Sapucaia, Esteio, São Leopoldo e Novo
Hamburgo, e façamos uma reunião, quem sabe, conjunta, Sr. Presidente, se houver
este pensamento dentro da Casa, para que nos somemos num esforço rápido, para
que possamos ter esta realidade e fazê-la avançar. E que não tenhamos que ver a
linha, como está, com ociosidade, e Porto Alegre cheia de problemas, porque
recebe um grande afluxo de transporte coletivo da Grande Porto Alegre, e não
haveria esta necessidade se realmente tivéssemos a linha operando com mais
eficiência atingindo outros Municípios e também porque nós paramos tanto no
tempo que não temos uma grande obra de infra-estrutura, como foi aqui
ressaltado, para desafogar o nosso transporte. Esta é uma exigência, e,
realmente, tenho que assumir esta culpa hoje, como legislador, de que nós como
sociedade temo-nos omitido. Eu acho que este grito de alerta que o Dr. Faraco
traz, justamente com os diretores do Trensurb, a esta Casa, é altamente
positivo. E acho que a nossa forma de contribuir - e tenho certeza de que os
companheiros da Bancada do PTB também têm esta visão - seria de fazer esta
mobilização para que pudéssemos avançar.
Então, deixo esta sugestão ao colega Presidente,
Ver. Wilton Araújo, como uma forma de contribuição a esta manifestação que o
Presidente Faraco fez e também me somar neste esforço que V. Ex.ª e os demais
Diretores fazem no sentido de fazerem realmente uma grande manifestação. Porto
Alegre precisa. Não se admite mais. Eu não vou-lhe fazer nenhuma pergunta. Só
vou-me congratular com a sua manifestação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador é o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu prezado companheiro Adão
Faraco, Renato Guimarães, da Trensurb. Agradeço as referências feitas pelo
nosso fraterno convívio na Faculdade de Filosofia, ainda são de agradável
lembrança.
O assunto trazido à Casa, hoje, me satisfaz muito
porque tenho sido um intransigente avivador da necessidade de se discutir a
Região Metropolitana como um todo.
Ao Ver. Jocelin Azambuja, fraternalmente, quero
lembrar que na Lei Orgânica do Município de Porto Alegre existe um artigo que
manda que as Câmaras da Região Metropolitana se reúnam pelo menos três vezes
por ano para discutir os assuntos que interessam a essas comunidades. E um
deles, sem dúvida nenhuma, é o Trensurb. Eu acho que o assunto está mais do que
maduro para ser discutido entre outros assuntos, porque a questão do transporte
numa região cuja população vem aumentando significativamente, e vai aumentar,
ela já é 1/3 da população do Estado. Este problema do transporte coletivo
vai-se tornar a cada dia mais premente, mais agudo, mais grave.
Eu também não tenho nenhuma pergunta porque o
Trensurb, para nós, embora percorrendo um longo trecho no Município de Porto
Alegre, ele ficou meio que escondido na margem do rio. Eu confesso a minha
culpa de não ter ido ao Trensurb para obter maiores informações a respeito dos
planos da Empresa, sobre o projeção que ela pretende para esse tipo de
transporte. Acredito que já existam pelo menos sinalizações para que se invada
a Região de Porto Alegre com o Trensurb. Indiscutivelmente será o transporte do
futuro, pelo menos para a região do Sarandi, que é composta de operários. É por
ali que ele irá transitar. Eu não acho essencialmente necessário que se cavem buracos
para que o Trensurb passe por baixo da terra, porque encareceria muito. Ele
pode ser pela superfície como este que temos. É um transporte barato, não
poluente, e todas essas coisas que foram ditas e sabemos verdadeiras.
Realmente, é um transporte condizente com as nossas necessidades e facilidades
de custeio.
Eu acho que o Trensurb está em boas mãos. Eu tinha
muito receio, e as notícias não eram boas no que diz respeito as administrações
anteriores, para dizer o mínimo, e que não vinham produzindo o resultado que se
esperava. O Trensurb tem uma tarefa social a cumprir. Eu deposito a minha
confiança nesta direção para que ele saia daquela situação em que se encontrava
e parta para a realidade maior, que é a nossa Região Metropolitana.
O Trensurb sozinho não irá resolver o problema do
transporte coletivo da Região Metropolitana, ele deverá ser integrado, como
havia um planejamento, anterior e que não foi executado. Não é culpa do
Trensurb, ele fez a sua parte e terá de cumprir a próxima etapa, que é ir até
São Leopoldo, e posteriormente até Novo Hamburgo, seguindo para o Município de
Porto Alegre. Eu agradeço a comparência aqui, e espero-me embrenhar nos planos
do Trensurb numa visita que farei à Empresa, quando puder. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito, Ver. Henrique Fontana.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Primeiramente, gostaria de cumprimentar o Dr. Adão
Faraco, Presidente da Trensurb, e colocar a nossa sensibilidade em relação a
este debate, sim, é oportuno e talvez, até, atrasado, do ponto de vista da
cidade de Porto Alegre e o seu transporte.
Parece-me extremamente adequado que a direção do
Trensurb, a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores, enfim, todas as
pessoas envolvidas com o cotidiano da Cidade e do Estado, participem dessa
discussão. E o desafio da Assis Brasil, que foi bem colocado pelo Presidente
Adão Faraco, efetivamente está inquietando o nosso governo, não de hoje, mas já
do governo anterior, e talvez infelizmente por dificuldade de ter que atacar em
muitas pontas, ao mesmo tempo, temos até que fazer uma autocrítica de um certo
atraso em atacar esse problema com mais precisão.
Eu gostaria de salientar duas coisas e fazer duas
perguntas ao nobre Presidente da Trensurb. Salientar, que foi tão bem colocada
essa história da política brasileira e das decisões econômicas sobre orçamento,
em nível de Brasil, que são extremamente caóticas e que nós entendemos,
precisam ser modificadas com urgência, porque o exemplo dado pelo Presidente da
Trensurb é emblemático, no sentido de dizer que iniciamos uma obra, e que hoje
temos um uso insuficiente do potencial instalado da Trensurb, o que gera um
prejuízo ao erário público. Então é preciso que, no Brasil, quando se
implementam obras, quando se começa novas obras, que se tenha a garantia
orçamentária para terminar essas obras, ou seja, a política de começar uma obra
em cada canto, para agradar aos eleitorados de cada canto, não serve para um
país que queira sair da situação de crise em que está e transformar-se num país
que entre numa era diferenciada de gestão da coisa pública, de maneira
eficiente.
Então, chamar a atenção para isso e reforçar a
nossa posição de fortalecimento dessa postura. As duas perguntas seriam: a
primeira - o centro de Porto Alegre está sobrecarregado com ônibus que vêm da
região metropolitana, e muitos deles que vêm paralelos ao Trensurb, vêm da
região que já é atendida pelo Trensurb hoje. Se existem estudos sobre a
possibilidade de integração destes ônibus da grande Porto Alegre, de Canoas,
enfim, outras cidades que são servidas pelo Trensurb, para que esses ônibus não
viessem ao centro de Porto Alegre, e que fizessem então, a integração, ou no
aeroporto, aonde quer que fosse, para então desafogar o centro de Porto Alegre
da entrada dos ônibus.
A segunda pergunta, na verdade não é uma pergunta,
é uma constatação e um questionamento, fico a perguntar-me se quando foi feito
o projeto de ampliação Trensurb, de Sapucaia a Novo Hamburgo, foi feito um
estudo de custo-benefício, comparativamente à passagem do Trensurb, pela Av.
Assis Brasil. Se o investimento feito na Av. Assis Brasil, em termos de
custo-benefício, não seria extremamente superior ao investimento para ligar
Sapucaia a Novo Hamburgo, obviamente não contra à ida a Novo Hamburgo, mas em
uma necessidade de priorizar recursos escassos, veio-me esta pergunta. Gostaria
de saber se existiu alguma discussão nessa área.
O SR. ADÃO
FARACO: Ver. Henrique Fontana, posso lhe informar o seguinte: em primeiro
lugar, não podemos deixar de levar em consideração que pela natureza da empresa
privada, ela é muito mais audaciosa, objetiva. Ela não pode ficar dependendo de
ajuda de quem quer que seja, porque se essa ajuda for esperada, e não vier, ela
sucumbe. Ela é agressiva por natureza. Ganhou a parada na integração, e na
medida em que nós, rio-grandenses, desta Região Metropolitana, não acompanhamos
o desenvolvimento da empresa. Quando digo nós, não é a diretoria atual, nem a
anterior, é nós mesmos. Todas fizeram a sua parte, o Ministério dos
Transportes, também; nós, rio-grandenses, não. Por quê? Porque a integração
depende de algumas medidas de ordem institucional quer do Estado, quer do
Município, naquelas situações típicas que a evolução impõem e que, por vezes,
as coisas não acontecem e falta um senso crítico de avaliação de resultados.
Ora, o que acontece? O projeto original de integração, realmente não funcionou,
tanto que baixou de cento e trinta, para cento e sete, está-se retomando aos
poucos. Mas, é necessário que o poder concedente de linhas leve em consideração
esta situação, e não permita que linhas paralelas se desenvolvam. A Troncal
representada pela Estação Mercado, até Sapucaia. A integração, todos os pontos
estão aí estabelecidos, os estudos são acabados. O que é necessário? Fazer com
que isso seja incrementado. Não basta a intenção da empresa, o Poder Público
tem que interferir nisso e contrabalançar, de forma a não causar prejuízo à
empresa particular, que nós devemos estimular, animar, acompanhar. Não precisam
os trens, os ônibus virem até o Centro, com todas as dificuldades de chegar a
esse Centro, e gastar mais do que em linhas mais curtas. Mas quem sabe, fazendo
viagens mais seguidas e garantindo a mesma lucratividade, ao mesmo tempo em que
proporciona a essa empresa - que é estatal -, capital público para que possa
cumprir o seu papel. É perfeitamente possível restabelecer. Estamos tomando
medidas neste sentido, mas é necessário maior participação do Município e do
Estado através de seus órgãos competentes. O projeto “A UNISINOS”, São Leopoldo
e Novo Hamburgo faz parte do projeto original. Eu não poderia lhe dizer hoje se
há doze anos atrás houve este cotejo, mas um não exclui o outro. É necessário
dar cumprimento até mesmo porque, embora haja algumas diferenças dos tempos
originais em relação a Novo Hamburgo e São Leopoldo pela própria
industrialização que avançou e concentrou maior número de população lá, nós não
podemos perder de vista que a Universidade do Rio dos Sinos cresceu, que a
Universidade Luterana cresceu e que têm um apreciável contingente de estudantes
para aproveitarem este tipo de serviço. Com relação ao Corredor do Nordeste -
que é o grande desafio deste último decênio do século XX para o mundo
institucional do Rio Grande do Sul -, eu posso-lhes assegurar que a capacidade
de demanda que tem ali é dez, vinte vezes maior do que no sentido que está se
desenvolvendo e cumprindo o contrato estabelecido para a construção dessa
linha. Mas ele também é necessário e o importante é apressar o desenvolvimento
definitivo do projeto, seja através da Otávio Rocha em direção a Cristóvão
Colombo e Assis Brasil até a altura do Hospital Conceição... Isto daria 4, 5Km,
e que naturalmente terá que ser subterrânea, embora o custo seja muito elevado.
Nós temos que fazer um cálculo do custo-benefício. São Paulo, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, Brasília não acham que seja caro, só é caro para nós; ou
poderia se fazer esses mesmos 5 Km a partir da Estação São Pedro, pela Cairu
até alcançar a Assis Brasil e aproveitar a linha existente de superfície que
chega ao Centro. O que é importante, meu caro Vereador, é necessário
desenvolver, completar os dois projetos em função do que significa este tipo de
transporte coletivo de massa e racionalização, em termos de evitar que Porto
Alegre continue com essa superconcentração de veículos no Centro e que
possibilite que a linha troncal, representada pelo metrô, traga o público até
aqui sem os transtornos que hoje sofrem.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sr. Presidente; Dr. Adão Faraco; Sr. Berfran Rosado, que tive a
oportunidade de conhecer, quando Secretário dos Transportes do Município; e o
Renato, companheiro aqui da Câmara. Com a presença da Diretoria do Trensurb,
proporia que a Câmara Municipal fizesse uma visita ao Trensurb, porque há uma
série de dados, elementos, extremamente importantes lá.
Eu tive, Dr. Adão Faraco, uma experiência nessa
área, quando Secretário dos Transportes no Município, e a honra de executar a
primeira integração intermodal - trem e ônibus - aqui, em Porto Alegre.
No nosso País há contradições inquietantes, vejam, há uma superposição de linhas. O trem concorre com o pneu e há um déficit tarifário no Trensurb, porque esse déficit está na razão direta da concorrência que se faz com os dois modais. Quando se implantou o Trensurb, não poderíamos permitir que continuasse o transporte por pneus. Então, parece que falta uma decisão política. Sabemos da força, do poder do “lobby”, do ônibus, do pneu, é muito grande, extremamente forte. Essa é uma questão que fica, nós temos que definir politicamente para que se dê não viabilidade do ponto de vista da prestação de excelente e qualificado transporte às populações, mas para fazer com que o transporte por trilhos - seguro e sem poluição - atinja patamares de não ter déficit, que é possível, uma vez se arrede o transporte por ônibus de concorrer no eixo. Que se façam as integrações.
Então, eu acho que precisa, e nesse sentido o
entusiasmo de V. Ex.ª também nos contagia, que se faça uma grande movimentação
no sentido de chamar a atenção da população para a necessidade de dotarmos,
imediatamente, a viabilidade de um braço, férreo, no sentido Nordeste,
envolvendo enormes contingentes populacionais como Alvorada, Cachoeirinha e
Gravataí. Hoje grandes contingentes que breve, muito breve, tornarão inviável
as nossas vias de comunicação. Então é uma necessidade que temos que pensar
hoje, e imediatamente iniciar agora, sob pena de amanhã, muito breve, pagarmos
um preço altíssimo. Eu acho que essa mobilização é válida, nós temos que chamar
atenção, bater forte e dizer aos quatro ventos que se superpõem dois modais. E
em face da superposição é que se tem o déficit na tarifa do Trensurb que é,
afinal de contas, dinheiro do povo. O Trensurb é sustentado pela bolsa da
Nação, pelo esforço nacional. Então, é preciso que se diga bem forte porque o
Trensurb tem o déficit na sua tarifa; exatamente porque ao seu lado tem uma
concorrência injustificada, porque nós somos um país que tem necessidade de
energia. E energia é cara, e, no entanto, nós assistimos a uma concorrência
injustificada que é de um lado o trilho e de outro a via, o pneu, o transporte
rodoviário. É preciso tomar essa decisão, claro que é uma decisão muito forte
no sentido de não permitir que concorra no eixo o transporte coletivo, porque
em face dele é que temos o déficit da tarifa do Trensurb. É esta a minha
manifestação, e me integro à luta, no sentido de levarmos avante isso que é
fundamental para o interesse regional e metropolitano.
O SR.
PRESIDENTE: Eu gostaria de dizer ao Ver. Elói Guimarães que já existem
tratativas no sentido de os Senhores Vereadores fazerem uma visita à Empresa
Trensurb. Brevemente, passaremos uma lista nas bancadas, para que os Vereadores
interessados marquem sua visita.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Presidente da Trensurb e sua
Diretoria, eu quero saudar a presença dos Senhores na nossa Câmara Municipal, e
dizer que sempre tenho falado no cavalheirismo do nosso querido Adão Faraco,
cavalheirismo que hoje se repete quando fala das administrações que o
antecederam, e fala bem, com o que eu também concordo. Quero dizer também que
não tenho razão nenhuma para não colocar toda a minha confiança de que esta
Diretoria há de dar um rumo certo para o Trensurb, para a satisfação de toda a
área metropolitana. Como foi o transporte público que me colocou nesta vida
pública, eu sou realmente um apaixonado por este assunto, e hoje, tenho todas
as razões de satisfação, quando vejo a preocupação dessa Diretoria em buscar
soluções na área metropolitana, e fazer com que todos se somem para buscar
recursos para que esta solução - que está sendo colocada na Mesa, agora -, seja
uma realidade. Só me resta desejar ao Sr. Adão Faraco e a sua Diretoria todo
sucesso a que tem direito, porque o sucesso dos Senhores será o sucesso da área
metropolitana. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Em primeiro lugar, nossa saudação aos nossos visitantes, dizendo
o seguinte: em 91 estivemos em Brasília, o Prefeito Olívio Dutra e eu, na época
na qualidade de Presidente da Câmara Municipal, tratando do
“descontingenciamento” de verbas de recursos para Porto Alegre, porque havia
previsões de recursos no orçamento destinado a Porto Alegre, mas que estavam
“contingenciados”, ou seja, só seriam liberados a partir de algumas posições
formais tomadas em Brasília. Estivemos, inclusive, no Ministério tratando
dessas verbas e numa conversa com a Ministra Dorotéia Werneck, ela dizia o
seguinte a respeito do Trensurb: que, na verdade, haveria uma resistência muito
grande em Brasília para liberação de verbas para continuidade das obras do
Trensurb devido a não integração do sistema de transporte rodoviário com o
Trensurb. Esta foi uma das posições que ela nos deu, até gostaria de saber como
está essa visão hoje, em Brasília. Com relação à expansão, confesso até que
meditei quando ouvi a respeito desta expansão até Novo Hamburgo, que na
verdade, somos favoráveis, sim, até porque entendemos que é um transporte
necessário e indispensável para Porto Alegre e para toda a região. Mas também
somos muito favoráveis e estaremos sempre ao lado da nossa diretoria do
Trensurb no que diz respeito à expansão destas linhas até a Zona Norte da
cidade de Porto Alegre, inclusive Cachoeirinha e Alvorada. Acho que, a partir
do momento em que se implementa na região norte da nossa Cidade, deverá haver
uma facilidade maior no sentido da integração deste transporte. Brasília, se não
me falha a memória, a linha vai do centro a cidade de Guará, uma
cidade-satélite até bastante inexpressiva - com todo o respeito -, ela inicia
subterrânea, depois vai a Guará e se estende por alguns quilômetros, não lembro
o número, mas alguma coisa razoável até chegar a uma inexpressiva e até
inexistente cidadezinha, que acredito, nem cidade seja, um pequeno pólo que se
implementou há pouco tempo. Se se implementa em nível nacional, entendo que os
gaúchos, em especial as Câmaras, as Prefeituras, as nossas lideranças devem
unir-se no sentido de obter esses recursos para a implementação dessas linhas
que são indispensáveis à Cidade. A mim parece bastante claro que o benefício
desta implantação é bem maior do que o custo.
Gostaria de cumprimentar a presença do Presidente e
de sua Diretoria, pois é a partir disto que nós, Vereadores, vamos tomando pé
da situação para que possamos colaborar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Nós também gostaríamos de cumprimentar o Dr. Adão Faraco, os
diretores, técnicos e metroviários. Acompanho há muitos anos, na condição do
arquiteto e através do nosso movimento sindical, as polêmicas e discussões
sobre o transporte coletivo. As grandes cirurgias havidas na Cidade em função
das decisões políticas - do nosso ponto de vista, equivocadas -, tomadas por
vários governos, desde a retirada do bonde, à colocação do trólei, à colocação
dos ônibus como alternativas únicas sem haver um entrosamento entre elas. Em
nível nacional também há uma demanda forte do transporte rodoviário em
detrimento do transporte ferroviário. Aqui, acompanhamos a polêmica e
participamos, de certa forma, da escolha do tipo de trem que seria instalado. E
continuo tendo algumas resistências quanto ao tipo de tecnologia do projeto
instalado na época, pois poderia, no nosso entender, ter escolhido outro
trajeto com uma tecnologia menos poluente no que se refere ao visual urbano -
as cortinas que ele criou em várias cidades, principalmente em Canoas e Porto
Alegre -, mesmo assim nós estamos preocupados no mesmo sentido, queremos que o
Trensurb dê certo, prossiga. O nosso apoio é para que não fiquemos numa
situação diferente de São Paulo, Brasília, etc, de não querer investir, para
não ficar devendo, um atraso grande de conceitos. Achamos que os preços são
elevados demais, nós convivemos no Brasil com preços superfaturados em quase
todos os serviços dessa natureza, não há por que nós não investirmos também
numa pesquisa aprofundada para avaliar preços para não se ter tanto receio de
gastar, ou tanto receio de fazer dívidas de milhões de dólares por quilômetro.
Quando nós estivemos na Secretaria do Planejamento, em 1989, nós iniciamos um
estudo com o Trensurb, chegamos a conclusão inicial sob dois aspectos: primeiro
a questão da Assis Brasil, que era tida por nós, naquela época, como prioridade
número um, em qualquer novo investimento, tanto da Administração de Porto
Alegre, quanto para o próprio Trensurb; e a segunda questão é de que se
fôssemos adotar uma solução, que fosse a mais apropriada, que era o metrô, ou
subterrâneos, e não as outras soluções que a nível de custos e benefícios, a
médio e longo prazo, não seriam a solução. Estas questões mais a linha de
integração entre as linhas do Trensurb e as linhas de ônibus, principalmente de
Porto Alegre, que também no nosso entender não estão a contento. Faço ao Senhor
duas perguntas: primeira, como está a situação da integração entre as linhas de
ônibus, há uma possibilidade de uma passagem única ser adotada para Grande
Porto Alegre ou para Porto Alegre em função Porto Alegre/trensurb? E a outra
que acho que foi respondida politicamente por V.Sª no início, mas que eu queria
frisar, é o problema de quem estabelece as prioridades. Isso é o que eu acho
que está faltando: uma maior participação integrada porque essas prioridades no
nosso entendimento nem sempre tem sido as que gostaríamos, ou que a maioria
gostaria, e até um pouco contraditórias como o custo-benefício que estamos vendo
comprovadamente existente. Então, saudando e agradecendo, desde já, este
questionamento.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ADÃO
FARACO: No plano de ação da empresa, não tem nada de novidade de que quem
chega lá é o da empresa, não é uma prefeitura, não é um governo do estado que
entra com o seu projeto, aquela é da empresa “estricto sensu”.
Aspecto nº 02: “Inserir o Trensurb entre os órgãos
gestores de transporte da região”; e não estando lá perde, tal como suas
perguntas sugerem. Estamos desenvolvendo tratativas neste sentido. Como está a
integração? Em franca desintegração. Resposta simples e sem rodeio. Isto pelas
razões que apontei inicialmente. A empresa tem uma estrutura extraordinária,
como se autodenomina é uma empresa de primeiro mundo. O tempo deteriora as
coisas e estamos vivendo sobre a inércia fantástica dos tempos iniciais, mas
está em declínio e isso tem de ser tocado. Alguns empresários acham que de fato
estamos sendo um mau parceiro ou mau concorrente. Ser bons parceiros é bom e dá
para ser, só que ninguém estuda o suficiente e nem conclui, eles têm que se
verificar. Se planeja muito, se executa pouco nesse sentido. O que tem que se
fazer? Esses pontos já consagrados de integração têm que vir a funcionar. Temos
que melhorar a Empresa no sentido de proporcionar maior comodidade ao usuário.
Essas enormes passarelas sem cobertura, por exemplo, reduzem a quase zero a
integração em dias de chuva e o pessoal prefere vir se acotovelando dentro de
um ônibus lotado. Então, há uma série de coisas que precisam ser feitas.
Sobre a questão passagem única: já tem. Pode ser
mais desenvolvido no sentido de um grande negócio entre as empresas privada e
pública. Mesmo diante das propostas, hoje, no Município de Porto Alegre, isso
tem que ser revisado. Só que tem que ser tudo a curto prazo. Nós estamos
discutindo há muito tempo para se concluir que não se concluiu.
Quando fizermos a visita - e tenho anotadas as
colocações de alguns Vereadores - poderemos aprofundar tudo isso aqui e falar
mais detalhadamente sobre alguns assuntos. Assiste razão ao Ver. Clóvis
Ilgenfritz neste questionamento e tem que se dar um jeito de dar a resposta
positiva, mas conferindo resultado. E cada dia que passa sem esse resultado
conferido é um prejuízo, não para a Empresa, mas para a comunidade
metropolitana que deixa de usufruir desse serviço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): É sempre bom ouvir um orador tão competente como o
Dr. Adão Faraco. Sempre tive uma grande admiração por seu trabalho e sua
capacidade. E uma honra para esta Casa poder estar recebendo-o.
O próximo orador inscrito é o Ver. José Gomes, que está ausente.
Com a palavra, o Ver. Fernando Zachia.
O SR. FERNANDO ZACHIA: Primeiramente, quero cumprimentar o Faraco, o Berfran e o Renato e dizer que é extremamente oportuno o assunto do Trensurb, tanto é que já estamos falando sobre ele há mais de um hora. A preocupação dos Vereadores desta Casa em relação ao Trensurb, tenho certeza, é a preocupação da Cidade. Entendo que a força política que os Vereadores e esta Casa representam tem que servir na luta que o nobre Diretor já está encampando, para que se obtenham recursos suficientes para que o Trensurb tenha o seu desenvolvimento normal, não só até São Leopoldo, mas também até Novo Hamburgo. E a preocupação que a própria Bancada do PMDB tem em termos de transporte coletivo de Porto Alegre, envolvendo também o Trensurb, se faz sentir quando agora aprovamos uma Emenda na LDO, cujo texto é bem claro: “Implementar a integração de linhas urbanas entre si e o Trensurb”. Então, nós temos, já, esta preocupação para o futuro e entendemos que também é a preocupação de V.Ex.ª. E eu insisto: acho que temos que usar a força política e é obrigação desta Casa que se faça uso dessa força. Mais uma vez meus cumprimentos e os agradecimentos a V.Ex.ª pela presença.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a
palavra, o Sr. Jair Soares.
O SR. JAIR
SOARES: Sr. Presidente; Sr. Diretor Superintendente Dr. Adão Faraco; Srs.
integrantes da Diretoria da Trensurb.
Desde o meu gabinete eu estava acompanhando, pelo
serviço de alto-falantes e, por fim, deste Plenário, o seu pronunciamento.
Quero, preliminarmente, agradecer pelas palavras elogiosas que teceu quando o
amigo era Prefeito, em Alegrete, e eu dirigia os destinos do Rio Grande. Aliás,
ao lado desses agradecimentos não seria demais reconhecer o seu caráter e a sua
integridade, próprios dos homens daquela terra, desde Umbu, Passo Novo,
Durasnal, distritos que conheço perfeitamente do maior município do nosso
Estado, pois é difícil, na vida pública, em vida, os homens terem reconhecido o
seu trabalho. Ela é feita de caminhos muitas vezes angustiosos, injustos e quem
acompanhou a sua trajetória dirigindo aquela comuna e hoje o vê chegar à
Direção da Trensurb pelos seus próprios méritos, sabe que tem todas as
condições para levar a bom termo essa instituição que precisa, mais do que
nunca se integrar. É certo que esta Casa não faltará como o esforço. De minha
parte que vi, estando no Governo Federal, o início das obras, e tive a rara
felicidade de no meu período de Governo inaugurá-la e fazer os primeiros passos
para que houvesse essa integração na área da Região Metropolitana, através da
Metroplan. Por isso, só posso desejar, ao lado dos agradecimentos pela aula que
nos deu, votos de que o Governo Federal se lembre do Rio Grande, porque dentro
do contexto nacional o nosso Estado - pela sua história política e pelo que ele
representa no PIB, na sua força de trabalho - precisa, realmente, de mais
recursos para que não só a obra do Trensurb seja concretizada no seu projeto
original, mas também em outros setores da atividade pública.
Por isso, Diretor Superintendente Adão Faraco fico
muito grato por esta oportunidade que tivemos todos nós, Vereadores, de tê-lo,
aqui nesta Casa, na tarde de hoje. Muito obrigado.
O SR. LUIZ
BRAZ: Já tive oportunidade de cumprimentar o Dr. Adão Faraco quando por
alguns instantes estive presidindo a Sessão.
Quero cumprimentar, também, o Dr. Renato que sempre
é admirado e bem-vindo a esta Casa pelo trabalho reconhecido, que prestou à
Câmara e agora presta com toda a sua competência ao Trensurb.
Tenho algumas dúvidas não com relação à sua
administração, Dr. Adão Faraco, mas com relação ao que representa a estrutura do
Trensurb para a nossa região, para o nosso Estado. Sabemos que existe uma
estrutura superdimensionada para o momento com relação ao Trensurb das
necessidades vigentes. Estas estruturas superdimensionadas é claro que é
responsável, também, por problemas econômicos, orçamentários, déficit
operacionais que devem ser maiores por causa disso. Por isto mesmo as nossas
dúvidas.
Perguntaria ao senhor que é um homem tão atualizado
em matéria de números, também, quantos funcionários possui o Trensurb na
atualidade e quantos seriam necessários dadas as necessidades atuais? E quanto
tempo ainda nós vamos levar para poder fazer o ajuste dessa estrutura
superdimensionada que temos para o momento, para nos encontrarmos com a
realidade? E também, já se falou muito em privatização, eu pergunto neste campo
a privatização iria acelerar soluções ou na verdade não? Eu quero dizer para o
Senhor que eu não estou aqui tomando partido da privatização ou não, mas eu
estou apenas querendo saber a opinião de V. Ex.ª. Esse tipo de transporte é
mais barato que o transporte realizado por ônibus, quanto é mais barato e
quando é que nós poderíamos atingir esta realidade em termos de tarifa?
O SR. ADÃO FARACO: Exmo Vereador, essas perguntas de algibeira precisaria uma tarde para responder. Vereador, um breve reparo, a estrutura não está superdimensionada, não. Ela foi dimensionada para uma realidade e o governo não completou a via, foi até Sapucaia e deveria ter ido até Novo Hamburgo, então V. Ex.ª poderá me dizer, então ela ficou superdimensionada. Não. Ela está esperando a complementação da obra, é o que está se fazendo. Fez-se um esforço fantástico para começar a cumprir. Vejam, Srs. Vereadores, se Porto Alegre começasse a executar o seu orçamento em agosto? Pois bem, com 40% de cortes começamos a arrancar esse dinheiro agora numa semana de agosto, veio a primeira parcela. Então, vou logo a última pergunta, que tempo levaria para adequar a estrutura atual ao que ela pode servir? Está previsto que se houver o desembolso regular desta verba de 500 milhões de cruzeiros reais, até dezembro e nós conseguirmos o suficiente que é ao redor de 2 bilhões de cruzeiros reais, para 94, poderemos concluir a etapa até a Universidade do Rio do Sinos até a metade do ano que vem, e precisará outro tanto atualizado para chegar a São Leopoldo. Novo Hamburgo discute se recebe o trem ou não, e na Câmara de Vereadores, com o próprio Prefeito, tivemos a oportunidade de dizer: “A questão é de vocês, se vocês quiserem que o trem venha até aqui, lutem. Se não quiserem, digam que não porque outros querem.” Pois bem, para Porto Alegre eu devo dizer a mesma coisa. Nós temos que lutar pelo aporte de recursos para que isso possa ser concluído e a adequação se dará. Só que, os recursos para a linha em construção terão que ser nacionais. O BIRD não financia nada que esteja começado, a não ser o que não estivesse licitado, no caso, por exemplo, os sistemas - essa questão toda relacionada com eletricidade, eletrônica etc. Mas é tão pouca em relação à obra, embora seja muito caro também, que não vale a pena nós retardarmos a consulta ao BIRD e a aprovação por um ano e meio ou dois, quando com recursos nacionais pode ser concluída a obra e a adequação estará feita. Aliás, é de se dizer, que a questão integração que foi levantada, aqui, é um problema muito sério para que sejam aceitas as propostas no BIRD. Expressão usada no BIRD: “É uma calamidade.” A expressão é deles. O fato de a integração não se ter dado em plenitude ainda, não obstante todos os esforços sobre o que já foram feitas referências, aqui, nós precisamos retomar isso aí e fazer com que o negócio fique bom para os dois: a empresa pública e a empresa privada.
O número de funcionários, tal como tinha referido,
1151; faleceram dois, são 1149. Pois bem, companheiros, se esse número é
suficiente, se é pouco ou se é em demasia, eu daria uma resposta por
experiência pessoal, em razão de que temos quatro meses lá, só; e isso é tão
grave a resposta que não tenho elementos para estar assumindo a
responsabilidade do que diria, e não obstante, devo-lhe dizer o seguinte: no
último Governo Federal houve aquelas rescisões contratuais, foram 210. Hoje são
1.149 funcionários, para chegar ao pleno desenvolvimento do projeto original,
tal como já referi, não precisamos mais ninguém. Se uma empresa privada
exploraria com menos gente, é uma questão de dimensionamento da própria empresa
privada. Se deve ou não privatizar, eu entendo que deve se privatizar aquilo
que não pode ser explorado pela iniciativa pública, mas não está provado que isso
não pode ou não deveria ser explorado pela iniciativa pública, pela União,
Estado ou Município aqui de Porto Alegre ou por um consórcio de Municípios aqui
da Região Metropolitana. Há perfeitas condições de manter-se o projeto original
e dar plenitude de operacionalidade e de usufruto pela população a que serve.
Transportes mais baratos. Ele é mais barato porque
se cobrarmos o que custa não haveria condições do povo pagar. Hoje é 30,
deveria ser 110. Então há algo que se chama indevidamente subsídio, não é
subsídio. Subsídio é aquilo que se dá e não tem proveito de volta. Isso aqui
não é subsídio, tem proveito, é um investimento e o transporte faz parte do
desenvolvimento social e econômico de uma cidade, de uma Região Metropolitana.
Então a empresa foi concebida assim e assim tem sido mantida, ela cumpre a sua
parte, na receita própria e está se provando que ela pode aumentar. Então ela
está bem constituída, pode continuar e pode melhorar se nós tivermos os poderes
públicos atuando novamente no sentido de proporcionar a conexão ônibus/trem e
racionalizando o negócio de forma a que o público possa usufruir melhor.
O SR. MÁRIO
FRAGA: Sr. Presidente, Sr. Adão Faraco e demais Diretores. Para mim é um
prazer, em primeiro mandato, escutar a palestra de pessoa tão capacitada nesta
área, e caiu na área que me foi atribuída nesta Casa: sou Presidente da
Comissão de Urbanização, Habitação e Transportes, por isso o meu interesse
direto nesta questão - Trensurb. Depois de ver este debate todo e esta
explanação, acredito que num prazo médio, digamos neste mandato de quatro anos,
nós poderíamos, Vereadores, e a minha Comissão, principalmente, trabalhar em
conjunto, para que tentemos uma solução para o transporte urbano da cidade de
Porto Alegre, principalmente, que é o nosso caso. Então eu gostaria de que o
Diretor-Superintendente do Trensurb, e a nossa Comissão, a CUTHAB, fizessem uma
reunião mais aprofundada. O Ver. Clóvis Ilgenfritz faz parte, o Ver. Lauro Hagemann, Ver. Pedro
Ruas e o Ver. Luiz Negrinho, que nós, da CUTHAB, nos reuníssemos e fizéssemos
um estudo aprofundado, para que tivéssemos uma solução mais definitiva e para
que a CUTHAB servisse de intermediária entre todos os demais Vereadores, e a
CUTHAB é aberta a todos os Vereadores que gostariam de participar desta
reunião. Então, num futuro contato, eu gostaria de fazer uma reunião lá no
Trensurb com a minha Comissão, se fosse possível.
O SR. ADÃO
FARACO: Sr. Presidente, concluídas as perguntas, eu gostaria de encerrar
fazendo uma referência a algo que foi levantado aqui e eu não cheguei a
completar, quando da pergunta da opinião sobre privatização. Uma coisa muito
séria que está ocorrendo, em decorrência da lei publicada em 04 de agosto de
1993, relativa a estadualização. Srs. Vereadores, pela Lei 8.093, sancionada
com Vetos, ainda não apreciada pelo Congresso Nacional, o Congresso autorizou
que as ações da Rede Ferroviária Federal sejam passadas ao Governo Federal, que
ficará com 95% das ações do Trensurb. E o Governo ficou autorizado a vender ou
doar as ações. Vender a quem quer que seja que tenha interesse, doar aos
Estados e Municípios. O que está acontecendo? Está havendo a doação. Os Estados
do Rio de Janeiro e São Paulo estão tirando as maiores vantagens nessa
negociação. O nosso Estado ainda não iniciou a negociação. E temos plena
confiança na competência do Governo do Estado no sentido de que vai conduzir
essa negociação, trazendo vantagens para o Rio Grande do Sul, que tem “n”
razões para estabelecer esta conversação e “n” oportunidades para tirar vantagens
também.
Para que os Senhores tenham uma idéia, dou o
exemplo do Rio. Num primeiro toque, o Estado do Rio de Janeiro levou vantagem
de seiscentos milhões de dólares em relação à CBTU - Companhia Brasileira de
Transportes Urbanos -; em relação ao metrô, liberou-se de uma dívida junto ao
Banco Mundial de dois bilhões e quatrocentos milhões de dólares, e passou o
metrô para o Município, não ficou com o Estado. Vejam que vai um bom jogo de
cintura que pode ser seguido por nós em alguma coisa semelhante.
Agora, o risco - e me refiro ao Vereador que
levantou a questão da privatização - se o Estado não negociar, o Governo
Federal com o poder de barganha que tem, certamente num dado momento vai
barganhar e vai atrasar as verbas de custeio, a folha, o aumento, e o caos vai
se estabelecer. E os poderes locais dos Estados e dos municípios vão se ver com
esse problema gravíssimo, que poderá ser dar dentro de seis meses, um ano ou
dois. Privatização está ocorrendo em Buenos Aires, está ocorrendo em outros
lugares. Querem saber como se dará a privatização? Numa proposta curiosa, em
que valerá para ganhar aquela empresa privada que pedir menor soma de subsídios
- aí sim pode-se chamar subsídios - isso vai acontecer. Ou o Município de Porto
Alegre e o Governo do Estado tomam consciência do que está aqui no Diário
Oficial - e que é uma realidade e que só nós não estamos discutindo -, e pega a
questão e discute em favor dos usuários da Grande Porto Alegre, ou em breve
estaremos com isso parado, porque não vai ter como funcionar.
É uma questão dos nossos tempos surgida agora,
justamente no dia 04 de agosto de 1993 no Diário Oficial da União. Então,
quando é proposto um grande debate como um dos Senhores Vereadores sugeriu, nós
nos sentimos contentes, felizes por ter tido repercussão a nossa visita, no
sentido de que fomos entendidos quanto à necessidade de se tomar consciência do
valor notável que representa esta empresa para a comunidade metropolitana e da
necessidade real de discuti-la, de tomar decisões a curto, médio, longo prazo.
Mas que não deixe de se tomar decisões e execuções naquilo que for indicado
como curto e médio prazo, também. Senão, vamos chegar tarde e seremos os
últimos a discutir, e por sermos os últimos, seremos os últimos a usufruir
vantagens, já que ninguém deixou de pagar imposto, o Estado não deixou de
cumprir as suas obrigações, mas na concorrência com os outros Estados, nós
levamos a pior. É hora de alertar para isso e tomar as iniciativas que forem
cabíveis. É melhor que os senhores nos acompanhem, sim, pela importância
incomensurável maior desta Câmara, em relação à modesta Diretoria que está
aqui, não obstante a Empresa seja eloqüente, importante para nós, mas o poder
político presente, dos senhores, estará correspondendo ao desafio do nosso último
decênio, tanto em relação à expansão para a Assis Brasil, quanto ao desafio
destes momentos deste ano, que representa a estadualização ou
não-estadualização, ficando a Empresa à deriva para um destino que não se sabe
qual será para o próximo ano.
Eu agradeço as palavras de alguns dos Srs.
Vereadores ao emitirem opiniões a respeito do trabalho que estamos
desenvolvendo e do que já se fez em passado recente. É muito agradável ouvir e,
não obstante a generosidade, a responsabilidade que decorre daí ser grande,
porque todos nós - conscientes do que cada um pode fazer -, certamente, em
conjunto, poderemos somar as qualidades de cada um dos senhores, a experiência
de cada um dos eminentes homens públicos que aqui estão e somar melhor em favor
de Porto Alegre e da Região Metropolitana.
Estamos inteiramente à disposição dos senhores, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. E que os próximos passos sejam de visita, de
discussão e procurando conferir resultados. Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE: Nós vamos solicitar que a Comissão de Urbanismo, Transportes e
Habitação, na sua próxima reunião, Ver. Mário Fraga, discuta com seus membros
qual a melhor forma da Casa discutir, e faça a sugestão ao Plenário para que
ainda nesta semana ou possivelmente na semana que vem possamos iniciar uma
discussão ampla sobre o assunto transporte de massa de Porto Alegre. Talvez a
Câmara seja o lugar adequado para essa discussão, através de seminários, enfim,
aguardamos as sugestões da Comissão.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente é só mais uma sugestão para a nossa
Câmara, de que talvez nós encaminhássemos uma solicitação à Secretaria Estadual
dos Transportes no sentido de verificar em que pé está o estudo da integração
do Trensurb com as linhas de transporte da Grande Porto Alegre, em nome da
Câmara toda.
O SR.
PRESIDENTE: Pois não Vereador. Resta-nos agradecer a presença do Diretor
Superintendente Adão Faraco, Diretor Administrativo e Finanças Berfran Rosado,
Diretor de Operações Renato Guimarães de Oliveira e de todos os engenheiros da
Empresa que estiveram aqui conosco. Vamos suspender os trabalhos por dois
minutos para as despedidas. Na sala anterior a este Plenário há uma maquete que
a direção gostaria de mostrar aos Vereadores.
(Os trabalhos foram suspensos às
15h39min.)
O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo - às 15h46min): Passa-se à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2165/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 110/93, de autoria do Ver. Décio Schauren, que concede o
título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Carlos Alberto Libanio
Christo - Frei Betto.
PROC. 2211/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 114/93, de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz, que denomina
Rua Engenheiro Alberto Henrique Kruse um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC. 2255/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO EXECUTIVO Nº 06/93, que institui Área de Interesse Público e dá outras
providências.
PROC. 2497/91 - SUBSTITUTIVO, de
autoria do Ver. Décio Schauren, ao PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 214/91, de autoria do Ver. Clóvis Ilgenfritz, que
dispõe sobre a instalação de escritórios comunitários nas vilas irregulares de
Porto Alegre.
PROC. 2007/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 101/93¸ do Ver. João Dib, que denomina Rua João Jacob
Tagliassuchi um logradouro público localizado no loteamento Parque dos Mayas I.
PROC. 2185/93 - PROJETO DE EMENDA À LEI
ORGÂNICA Nº 80/93, da Verª Helena Bonumá, que acrescenta Parágrafo único ao
artigo 152 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
PROC. 2156/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 108/93, da Verª Helena Bonumá, que estipula sanções a estabelecimentos
que praticarem atos de violência contra crianças e adolescentes no Município de
Porto Alegre.
PROC. 2293/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 62/93, que autoriza a abertura de créditos suplementares no valor de CR$
415.400.000,00 no Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) e dá outras
providências. Urgência.
PROC. 2369/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 69/92, que autoriza a venda de próprio municipal desvinculado de traçado
de reloteamento, sito na Avenida Érico Veríssimo, ao proprietário lindeiro
Antônio Arnt Bavaresco.
2ª SESSÃO
PROC. 2105/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 027/93, do Ver. Décio Schauren, que modifica a redação do art. 2º da LC 294/93, sobre a obrigatoriedade dos estabelecimentos varejistas afixarem em suas fachadas o preço da cesta básica e dá outras providências.
PROC. 2168/93 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/93, do Ver. Eliseu Santos, que
denomina Praça Romeu Ritter dos Reis um logradouro público localizado no Bairro
Rubem Berta.
3ª SESSÃO
PROC. 2050/93 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 105/93, do Ver. João Dib, que revoga a Lei
nº 7276, de 09 de julho de 1993, que denominou Travessa José Carlos Dias de
Oliveira um logradouro público.
PROC. 2008/93 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 102/93, da Verª Clênia Maranhão, que
insistiu o Fundo Municipal de Proteção ao Consumidor.
PROC. 1676/92 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 39/92, que dá nova redação e modifica,
quanto ao prazo, o disposto no artigo 3º da Lei nº 5942, de 17.09.87.
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem com a palavra, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos na fase
em que projetos de lei e leis resolvem os problemas da nacionalidade. A Ver.ª
Helena Bonumá tem dois projetos de lei que, se aprovados não tem mais criança
pobre, não tem mais criança abandonada. A dignidade das crianças estará
assegurada. É só fazer uma lei, esquecendo até que a Constituição determina
todas estas coisas e não está sendo cumprida. Agora, é claro que a lei
municipal fará com que seja cumprida. Que o Município assuma todas as
responsabilidades. Eu também vou fazer um projeto de lei, em que nenhum
político poderá se defender, dizendo que “a” ou “b” participou das cassações,
dizendo que “a” ou “b” não administrou devidamente. Aí, acho que ninguém mais
vai me incomodar, ninguém mais vai me aborrecer pelas cassações que houve neste
País e que eu não tive culpa nenhuma e nem participação nenhuma. Mas vou fazer
um projeto de lei porque aí eu resolvo tudo e não em incomodo.
O nosso Departamento Municipal de
Água e Esgoto pede crédito suplementar de 415 milhões de cruzeiros reais, parte
do excesso de arrecadação de um Orçamento corrigido mensalmente e que, desta
tribuna, eu disse reiteradas vezes que o DMAE estava atuando mal quando
colocava no sistema financeiro o seu dinheiro. Até porque o custo dos materiais
subia mais rapidamente do que a inflação oficial, e nesses 415 milhões boa
parte deles está prevista a compra de canos, ferro, hidrômetros e uma série de
outras coisas que, se o DMAE tivesse comprado anteriormente, teria ganho muito
mais dinheiro, do que fazer o jogo do sistema financeiro, da ciranda
financeira.
Parece até que o PT, como disse o
Miguel Colassuono, em São Paulo, não gosta dos trabalhadores, odeia os ricos e
vive como rico. Exatamente isso aí, o Prefeito de Porto Alegre, na
Administração centralizada, mantém uma conta infernal no sistema financeiro.
Muito, muito, muito dinheiro mesmo. E o DMAE usa o dinheiro no sistema
financeiro, arrecadando, aparentemente, mais, mas os materiais custam mais
caro. Seria muito mais inteligente da parte deles ter comprado materiais em
tempo hábil.
O Ver. Clóvis Ilgenfritz denomina
Engenheiro Alberto Henrique Cruz um logradouro público. Quero cumprimentar o
Engenheiro Clóvis Ilgenfritz, porque realmente esse engenheiro merece a
homenagem que está sendo proposta. E eu, ao votar favoravelmente, quando for
votado, estarei até me redimindo de um ato duro da minha parte, quando ele era
o Diretor da Divisão de Iluminação Pública. Era um homem, um engenheiro tão
correto que entendeu a minha posição, viveu e morreu meu amigo. Então,
realmente, eu fui duro mas estava certo, sem dúvida nenhuma, e eu não gosto de
ser duro com ninguém, mas fui. E ele merece a homenagem que lhe está sendo
proposta.
Então volto, Sr. Presidente, a
dizer que parece que nós, por lei, vamos resolver os problemas dos menores
abandonados, descuidados das ruas de nossa Cidade, porque nós trocamos até o
nome, agora não dizemos mais que são menores de rua, porque ele tem o seu
problema resolvido, ele não é mais menor de rua, não tem mais problema nenhum
porque nós trocamos o nome dele. E agora vamos fazer umas leis aí, iguais à
Constituição, a mesma Constituição que diz no art. 7º, inciso IV, que o
salário-mínimo há de dar condições de sobrevivência para uma família com 4
pessoas, cuidando de educação, habitação, saúde, lazer, tudo com o
salário-mínimo de 9.606 cruzeiros reais. Mas nós fazemos uma lei. E cada vez
que o salário-mínimo é atualizado, é uma beleza de ser lido o Decreto que faz a
atualização.
É uma aula do que não deve ser
feito. É uma aula de incompetência. Mas fazemos um decreto e uma lei e os
nossos problemas desaparecem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. Clóvis
Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver.
João Dib já fez uma primeira alusão, acho que melhor do que eu. Seguramente,
ele tem razões para dizer que o ex-servidor público deste Município, que honrou
o Município com o seu trabalho durante várias administrações, nosso Engenheiro
Alberto Henrique Kruze, é motivo de homenagem de nossa parte e, em especial,
dos servidores da Prefeitura, que tem nele um ex-colega do mais alto quilate.
Ele foi acometido de uma enfermidade grave e, mesmo assim, em seus últimos
momentos, enquanto tinha forças ele serviu com muita dedicação à nossa Cidade.
Alberto Kruze foi um dos exemplos
que conseguimos afirmar de que uma administração que entra, como aconteceu com
Olívio Dutra, poderia nomear para um cargo de confiança equivalente ao de
Secretário um diretor de departamento, da importância do DEP, alguém que fosse
do quadro de carreira do Município e que, sabidamente, não era um companheiro
filiado ao Partido dos Trabalhadores. Ele desempenhou as funções com grande
estilo, alta competência e ética política. Depois, devido aos problemas de
doença, mas assim mesmo exerceu por algum tempo a coordenação do importantíssimo
projeto da Prefeitura, que é o chamado Humaitá-Navegantes, e que está em
desenvolvimento com grandes efeitos positivos para Porto Alegre. Ele foi um dos
patrocinadores daquela idéia e nós temos convicção de que esta homenagem é
justa.
Eu voltarei a esta tribuna,
oportunamente, para discutir outro projeto que está arrolado na pauta como
primeira sessão e que tem um substitutivo de autoria do Ver. Décio Schauren. É
um substitutivo a um projeto de nossa autoria. Nós o consideramos muito
importante para o Município.
Eu estou passando, entretanto,
agora, por um momento de certa perplexidade porque, de fato, não sabia que esse
processo poderia existir ainda, uma vez que eu recebi da Douta Comissão de
Constituição e Justiça um Parecer que, se não é peremptório, deixa a idéia bem
clara de que haveria vício de origem. Casualmente, o meu projeto dos
Escritórios Comunitários, serviu de modelo inicial para essa nova legislatura
tomar essa atitude, que nós respeitamos muito.
Nós fizemos, como competia
legalmente, não uma contestação, mas um recurso à decisão da Comissão de
Justiça e não recebemos, infelizmente ainda, nenhuma resposta.
Agora, estamos vendo que um
substitutivo que nós entendemos que tem algo a ver com o nosso projeto, mas que
poderia ser colocado em forma de emendas, é aceito pela Auditoria sem nenhum
problema, pela Assessoria Técnica Parlamentar, e está tramitando. Isso para nós
é uma boa notícia.
De agora em diante, trataremos de
negociar dentro da bancada com o Ver. Décio Schauren e com os Vereadores de
outras Bancadas a forma de colocar novamente em pauta o projeto original que
nós consideramos de grande importância para a comunidade de Porto Alegre - que
é o projeto dos Escritórios Comunitários. Existe também nesse processo uma
solicitação do Ver. João Antonio Dib, que foi nomeado Relator da Comissão de
Finanças e Orçamentos, ele faz uma demanda ao Executivo Municipal para que
opine sobre a “executabilidade” do projeto porque, no entender do Vereador João
Dib, ele cria gastos para o Município. Eu quero, desde já, colocar ao Ver. João
Dib, à Comissão de Finanças e Orçamentos a minha disposição de fazer a
discussão deste assunto para tentar provar a Comissão de que não há a
proposição de gastos adicionais aos que já existem do quadro de funcionários da
Prefeitura. Nós poderemos, se for preciso, fazer a emenda necessária para
garantir que este processo, que esta discussão não seja mais importante do que
o projeto propriamente dito, porque a discussão sobre se gera ou não gera
gastos pode ser vencida com uma simples emenda. Em segundo lugar, nós queremos
discutir se é ou não é necessário que se faça descentralização de serviços e,
em especial, desses serviços de regularização fundiária, de reurbanização, de
saneamento básico, de buscas de instalações sanitárias nas vilas que têm
maiores problemas, problemas acumulados há, 10, 20, 30, 40 e 50 anos e que, se
pudéssemos deslocar alguns poucos funcionários por alguns meses para aquelas
localidades, eles teriam mais condições de servir à população do que na situação
atual onde os serviços encontram-se centralizados.
O Sr. João Dib: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Clóvis Ilgenfritz, a Lei Orgânica, art. 94 estabelece as
competências privativas do Prefeito. Parece-me que o ordenamento dos serviços
da Prefeitura é competência exclusiva do Prefeito. Não se trata de ter despesa
ou não ter despesa. Ele pode não querer assim. Nós não podemos impor.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Ver. João Dib, a nós compete fazer
sugestões, encaminhamentos, propostas para que o Município possa administrar da
melhor forma possível as questões que estão a exigir resposta. Nós entendemos
que esse Projeto viabiliza soluções baratas, eficientes e necessárias para o
Município com mais qualidade do que as que possam ser feitas com a máquina
centralizada como em alguns casos, ainda, persiste. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Gomes. (Ausente.)
Próximo inscrito Ver. Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a
tribuna para discutir o Processo 22/93 de suplementação do orçamento do DMAE em
CR$ 415.400.000,00, e rebater alguns argumentos do Ver. João Dib que, talvez,
por estar fora do Executivo há oito anos, já tenha esquecido alguns problemas
por que passa o Executivo.
Inicialmente, pelo fato de que, ao
se preparar o orçamento para o ano seguinte, essa discussão é feita desde o mês
de junho, julho do ano anterior, imaginem os Senhores como, numa economia como
a nossa de inflação crescente, é possível prever o que acontecerá no ano
seguinte. Diz o Ver. João Dib que o orçamento é corrigido. É verdade em parte.
Nós começamos com dois meses de defasagem com a inflação perto dos 30%. Depois,
nem sempre, como vocês sabem, é atualizado o orçamento como índice da inflação.
Muitas vezes, é abaixo. Então, Sr. Vereador, só estes aspectos já justificam
uma suplementação desta ordem. Precisaríamos saber o que isso significa dentro
do percentual de todo o orçamento do departamento. Isso não está sendo
considerado pelos Senhores. Além disso, é necessário considerar a aplicação que
terão esses recursos dentro do departamento. Aplicação altamente meritória, se
lermos, aqui, a exposição do Sr. Prefeito. Esses recursos servirão para aquisição
de tubos de ferro dútil (sic), tubos cerâmicos, válvulas, borboletas, rotores,
enfim, vários equipamentos para a manutenção dos serviços do DMAE e
qualificando, cada vez mais, os serviços. Teremos, ainda, a aquisição de óleo
combustível, gasolina e álcool, sabendo-se que o óleo diesel tem aumentado,
permanentemente, acima da inflação. Também servirá para atender às despesas com
pagamento de serviços prestados à CEEE, à CRT e Correios. Sabemos todos que a
tarifa de energia elétrica tem aumentado acima da inflação. Servirá, também,
para atendermos serviços e demais encargos para locação de veículos,
absolutamente fundamental, sabemos que não só o DMAE, mas a Prefeitura, tem uma
frota significativa de veículos locados. Mais adiante se diz que esses recursos
servirão para a aquisição de hidrômetros e equipamentos de informática. A
aquisição de hidrômetros que serve, em primeiro lugar, para aumentar a receita
do próprio Departamento e, em segundo lugar, para evitar perda de água que -
como sabemos - é grande ainda. A nossa administração, desde a minha passagem
pelo DMAE, tem colocado mais hidrômetros do que as ligações novas que são
feitas, o que mostra uma política altamente meritória de evitar perdas de água,
o que significa, também, água para pessoas que não a tem, e mais receita para o
Departamento. A aquisição de equipamentos de informática, para qualificar, cada
vez mais, os serviços prestados a nossa Cidade.
O Sr. João Dib: V.Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, eu não tenho absolutamente nada contra a
suplementação de verbas para o DMAE, estou até satisfeito de que o DMAE tenha
dinheiro. Eu me insurjo contra 56 milhões de cruzeiros para comprar tubos,
hidrômetros mais 48 milhões, mais 7 milhões, mais 4 milhões de cruzeiros, tudo
material permanente, que poderia ter sido comprado e estocado, sem nenhum
problema, ao longo do ano, o que daria muito mais rendimento para o DMAE, muito
mais oportunidades de realizar serviços para a nossa Cidade, muito mais fugas poderiam
ter sido tapadas, se esse material tivesse sido comprado por muito menos preço
e com maior lucro que a inflação pode dar no sistema financeiro. Nada contra a
suplementação. Vou votar favoravelmente. Estou contente que o DMAE tem
dinheiro, que não precisa levar dinheiro da Prefeitura, como aconteceu na minha
administração. Estou, realmente, feliz com o DMAE.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Fico satisfeito, mas a compra antecipada
de tubos e canos, Ver. Dib, V. Ex.ª há de convir comigo, há limites de recursos
financeiros para isso, há limites, inclusive de estoque e é o tipo da compra,
no serviço do DMAE, que tem que se realizar sempre, nunca vai parar,
principalmente numa administração como a nossa que, além dos aspectos já
referidos, tem substituído canos velhos, esclerosados da cidade, como nenhuma
administração fez. Isto posso bater no peito e dizer com orgulho, como nunca
nenhuma administração fez. Substituir rede velha que mostra a seriedade da
administração. Defendo esse projeto, da necessidade dessa suplementação. Quero,
também, me somar - acho que vai ser, com certeza, por unanimidade - à homenagem
que presta o Ver. Clóvis Ilgenfritz ao Engº Kruse, que tive a satisfação de
conhecer, quando diretor do DEP, e era um diretor que defendia com unhas e dentes
o DEP. Era um diretor que era apaixonado pelo seu departamento, era apaixonado
pelo trabalho de drenagem urbana e proteção contra as enchentes. Sem dúvida, o
Ver. Clóvis Ilgenfritz presta uma homenagem merecida ao Engº Kruse. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero
aqui externar uma posição pessoal sobre alguns episódios que se desenvolvem no
PMDB. Dizer que inclusive, estive em Brasília como delegado do partido, na
Convenção do último domingo. A minha posição é que, nós do PMDB, temos que
começar bater forte em alguns segmentos do PMDB, para que este segmento volte
aos trilhos ou se afaste do PMDB. O exemplo da nossa executiva é relativamente
a colocação no comando do partido do Sr. Nilo Coelho que, lamentavelmente, está
com um processo onde participou de um desastrado acontecimento na Bahia.
Votamos contra Collor de Mello;
votamos no Lula e estamos no Governo para dar governabilidade a Itamar Franco
e, por isso, não podemos exigir carguinhos. Lamentavelmente, existe uma ala do
Partido que pensa assim e é desastrada a posição do Governador Fleury, de dizer
que quer o rompimento com o Governo Itamar, porque foi demitido o chefe do
BNDES que, diga-se de passagem, é inexpressivo - não conheço nada que ele tenha
feito de positivo para o País quando transitou pela chefia desse banco. Ouvi
pessoas reclamando da saída do Ministro Brito da Previdência Social, porque ele
está fazendo um trabalho sério para o País e é um Ministro que tem
credibilidade junto à opinião pública. Exigir a retirada desse Ministro é um
desserviço que prestamos ao País e, se queremos continuar como um Partido sério
e digno, não podemos dizer que estamos rompendo com “a” ou “b” apenas porque um
homem que comanda um terceiro escalão do Governo foi demitido sem consultar o
Governador de São Paulo. O PMDB de São Paulo tem que começar a entender que as
grandes lideranças do PMDB estão no Rio Grande do Sul. Aqueles que estão dando
respaldo ao Governo, no sentido de manter a governabilidade, não podem
retirar-se dele com os argumentos que estão sendo colocados. Acredito que o
segmento do PMDB - que é maioria nacional - que tem propósitos, que acredita
neste País, que está no governo para assegurar a governabilidade neste País,
não pode-se preocupar com alguns lamentáveis e pequenos episódios por que passa
o nosso País. A posição do Governador Fleury é claramente eleitoreira, ele quer
ser Presidente da República. Para ser Presidente da República não pode dar
apoio a um Governo Nacional, porque eles tiraram o cargo de terceiro escalão?
Nós perdemos a nível nacional, nós não podemos ter carguinhos e apoiar governo
“a” ou “b”, nós não podemos ser oposição porque nos tiram um ou dois cargos. O
PMDB do Rio Grande do Sul não está de acordo com esta posição, acreditamos que
é a posição da maioria do Partido. Se este segmento não concorda, que pegue a
sua boina e volte para onde estava, nós não podemos admitir esse tipo de
atitude no Partido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não posso
esconder que na segunda-feira fiquei profundamente magoado com a intervenção do
nobre Vereador Henrique Fontana. Eu penso que todas as vezes que se tenha que
debater uma crítica, deva-se centralizar na crítica, eu não posso entender que
um Vereador inteligente, dedicado, com curso superior, precise usar afirmações
como esta: “foi nomeado Prefeito.” Fui Prefeito na forma constitucional, na
forma em que muitos países ainda indicam seus dirigentes, nada de excepcional.
Eu desconheço alguém que, indicado nas mesmas condições que eu, tenha rejeitado
a oportunidade, de qualquer forma, pode até existir. Fico triste, espero que
não se repita ao se rebater os argumentos meus, que podem ser errados, eu não
sou o dono da verdade, mas são sempre feitos com seriedade e com
responsabilidade. Os números que uso foram estudados. As informações que trago
foram as que pesquisei. Não estou pretendendo dizer que estou sempre certo, mas
eu procuro ser sempre certo. Então, não posso aceitar que as argumentações que
eu use sejam diminuídas porque teria cassado. Eu não cassei ninguém. Nunca, ao
contrário. Pretendi ajudar algumas vezes servidores municipais que foram
afastados, e lá estão depoimentos assinados, lá está a pessoa que recentemente
nos deixou - que foi o ex-Vereador Lúcio Olívio do Amaral Vieira -, que sabia
que eu o defendia, apesar de que minha defesa não foi suficiente para que ele
não fosse afastado temporariamente da Prefeitura e outros mais também foram.
Nunca prejudiquei ninguém. Agora essa história de cassação foi dentro de um
momento revolucionário, um momento de força; fizeram injustiças? Fizeram injustiças,
mas outras vezes fizeram justiças. Eu volto a dizer que eu nunca cassei coisa
nenhuma e muito menos castrei como vi ao longo do tempo a castração econômica
dos servidores municipais influindo diretamente no bolso de cada um. Eu não
estou dizendo apenas por dizer. Eu era prefeito e recebi em novembro de 1985,
quinze milhões, oitocentos e sessenta e sete mil e trezentos cruzeiros e como
engenheiro aposentado eu recebi dezoito milhões, cento e quarenta e seis mil e
novecentos e cinqüenta cruzeiros. Portanto, eu recebia 120% do que recebeu o
prefeito. Hoje eu recebo só 40%, mas tudo bem. Deve ser assim. Agora, vai se
dizer que hoje a Prefeitura tem menos dinheiro do que ontem? Não é verdade. No
meu último ano do governo, administrei a cidade com quarenta e cinco milhões,
seiscentos e quatro mil e quinhentos e oitenta dólares. O Prefeito Olívio Dutra
em 1992, seu último ano de governo, administrou a cidade com oitenta e três
milhões, seiscentos e oitenta e três mil, novecentos e cinqüenta e oito dólares.
Portanto, um crescimento real de 83,5% e o meu salário como o salário dos
demais servidores municipais diminuiu. Em dezembro de 1985 eu recebi um mil e
setecentos e trinta e um dólares como engenheiro da Prefeitura. Em dezembro de
1992, recebi 1159 dólares. Portanto, houve uma castração econômica, esta, séria
mesmo.
Às vezes, as pessoas não entendem
bem quando se fala em dólares, mas em novembro de 85, com meu salário de
engenheiro da Prefeitura, eu podia comprar 20.163 passagens de ônibus. E isto o
PT entende bem, passagem de ônibus, o PT entende. Em junho de 91, quando fiz o
Pedido de Informações, eu só podia comprar 6875 passagens. E, agora em setembro
de 93, colocando a reposição salarial que a Prefeitura está dando, só posso
comprar 6.013 passagens de ônibus.
Realmente, tenho orgulho de ter
pertencido à Arena, de ter sido integrante do PDS, hoje PPR. Porque, em 10
anos, de 1954 a 1963, nós tivemos uma inflação de 1.374%. Quando a Revolução
começou, em 64 até 73, nós tivemos uma inflação de 1.440%. De 74 a 83, tivemos
uma inflação de 14.604%, totalizando, do período da Revolução, 227.753%. Agora,
nos nove anos seguintes, nós chegamos a apenas um bilhão e quatrocentos milhões
de inflação neste País, já nem vou contar este ano agora, porque daí, vai ser um
desastre. Portanto, tenho orgulho de ter pertencido a este Movimento
Revolucionário. Não cassei ninguém e nem castrei economicamente a ninguém.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta.
De autoria do Ver. Jair Soares,
Requerimento solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
16 do corrente.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. PRESIDENTE: Para um Requerimento, com a palavra, a Ver.ª
Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Requeiro que seja invertida
a ordem dos trabalhos e passemos à Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento para inverter a ordem dos trabalhos
da Ver.ª Maria do Rosário, para que primeiro aconteça a Ordem do Dia e, logo
após, o Grande Expediente e Explicação Pessoal.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum” e
entrada na Ordem do Dia.
O SR. SECRETÁRIO: (Proceda à chamada.)
Há “quorum” Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Passa-se à
ORDEM DO DIA
Em votação o Parecer da Comissão
de Constituição e Justiça - que está sendo distribuído aos Srs. Vereadores -
sobre a Questão de Ordem apresentada na Sessão de 08/09/93, por ocasião da
votação do Processo 1979/93, PLL n° 100/93, de autoria do Ver. Raul Carrion.
Solicito ao Sr. Secretário que
proceda à leitura do Parecer.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)
“COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA
PARECER Nº 239/93 - CCJ
À QUESTÃO DE ORDEM
O parágrafo único do art. 134 do
Regimento da Câmara, que disciplina a questão, busca limitar as concessões de
títulos honoríficos.
Todavia, dito dispositivo não é
preciso quanto aos critérios desta limitação, de forma que existe uma omissão
neste caso.
Por outro lado, toda a vez em que
o mesmo Regimento restringe as atribuições dos suplentes, o faz expressamente,
como, por exemplo, o § 4º do art. 13, que dispõe: “Vereador suplente não poderá
fazer parte da Mesa”.
Conclui-se, pois, que, se o
Regimento quisesse restringir a competência do suplente, quanto à proposição
que concede título honorífico, diria isso expressamente.
Portanto, pode o Vereador Suplente
propor Projeto de Lei concedendo título de cidadão honorífico, a não ser que se
faça uma alteração no Regimento.
Somos contrários à Questão de
Ordem do Vereador Nereu D'Ávila.
Sala da Comissão, 15 de setembro
de 1993.
(a) Ver. João Motta - Relator.
APROVADO pela Comissão em 15/9/93.”
O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): No encaminhamento teria que
encaminhar em nome da Bancada? É uma questão que levanto.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu D'Ávila, V.Ex.ª pode encaminhar como
autor. Tem cinco minutos.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero chamar
a atenção do Plenário para uma incorreção que o nobre Vereador João Motta não
se deu conta quando assinou este parecer, tenho certeza que ele não se deu
conta. Ele coloca no final: “somos contrários à Questão de Ordem do Ver. Nereu
D'Ávila”.
Ele não pode ser contrário a uma
Questão de Ordem que não era compulsiva. A Questão de Ordem levantei para
clarear o assunto. Que a Comissão desse o seu parecer, o seu relatório e
emitisse no Plenário, e é o que está acontecendo, não entrei no mérito. Eu
levantei a Questão de Ordem, porque eu queria que a Câmara traduzisse, mais um
vez, o seu Regimento Interno subjetivamente, por quê? Porque o Regimento
Interno no seu espírito tem algumas conclusões que precisam ser dirimidas
mediante muitas vezes Parecer da Auditoria e da nobre Comissão de Justiça da
Casa. Por exemplo, se diz o Regimento que é somente um Título para Vereador, a
questão é se os Vereadores-suplentes estariam ou não contemplados com este
direito, mas eu não disse que eu tinha direito ou que tinha direito os
Vereadores-suplentes, nem me compete.
Nem poderia cometer essa
insensatez. O que eu pedi foi um esclarecimento que agora está-se dando através
do Vereador. Como havia outro Parecer do Ver. Jair Soares que a Comissão de
Justiça vai-se manifestar aqui e dizer qual a sua posição final. Agora, dizer
que é contrário a minha Questão de Ordem, francamente, mas a minha Questão de
Ordem era para pedir esclarecimento. Agora, se ele é contrário ao esclarecimento
que eu pedi, aí é outra coisa. Então eu pediria, Sr. Presidente, se eu tenho
direito de solicitar destaque dessa frase e pedir que ela, escoimada, seja
suprimida do Parecer, porque senão vai para os Anais uma questão completamente
absurda. Eu sei que o Ver. João Motta tem a maior sensibilidade não pode ser
contra uma Questão de Ordem. Quanto ao que S. Exª disse no Parecer, agora sim
eu vou dar a minha opinião, porque agora está em discussão. Eu pessoalmente não
concordo com o Parecer do Ver. João Motta, eu acho que o Parecer vencido do
Ver. Jair Soares era mais consentâneo com a realidade, com o espírito do
Regimento, por quê? Porque ao diminuir o direito dos Vereadores de dar somente
um Título por ano, evidentemente o Regimento quis enxugar, e se ele quis enxugar,
não pode ao mesmo tempo ampliar sem nenhum critério, porque aqui na Casa não se
sabe se durante este ano de 93 vai assumir um, dois, vinte suplentes... E se
assumirem vinte, é um direito deles. Se não houver uma “dirimência”
consuetudinária dessa Casa, os vinte podem apresentar projetos de doação de
títulos e aí eu acho que estará quebrado o espírito do Regimento. Nada contra
os suplentes, nada contra ninguém! Apenas a interpretação lúcida do Regimento
Interno. Então é nesse passo que eu acho que deveríamos tratar da matéria, mas,
evidentemente, a Comissão de Justiça aceitou o Parecer que vai ser votado. Vou
esclarecer desde logo, para que não se diga depois que essas coisas foram
mal-entendidas e levadas por interpretações dúbias, eu vou-me abster na
votação. Não vou ser contra porque pode-se dizer que eu estaria obstaculizando:
de um suplente quando assume ter o direito de apresentar isso ou aquilo. Então,
para que não se diga isso - e isso não é o que estou tentando fazer, estou
apenas tentando adaptar o espírito do Regimento -, vou-me abster da votação.
Mas digo, aqui, claramente, não sou da Comissão de Justiça, mas li o Parecer do
nobre Ver. Jair Soares que era, no meu entendimento, bem mais consistente e com
mais interpretação exata, do que o do nobre Ver. João Motta, com todo o
respeito.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, confesso que pela rapidez com que
foi feito o Parecer, foi ontem que decidimos, cheguei e fiz o Parecer em 10, 15
minutos, ainda ditei. Eu me dei conta que de fato não reli o Processo de ontem
até hoje, mas confesso que, no caso, incorri no mesmo erro do Ver. Jair Soares
que no final do seu Parecer diz pelo acolhimento da Questão de Ordem. Eu fiz
exatamente o contrário porque foi um parecer derrotado. Agora, eu,
pessoalmente, retiro, se houver a possibilidade, se é possível informalmente
retirar, senão encaminho pedido de destaque para essa expressão. Não há
problema nenhum.
O SR. PRESIDENTE: Está bem, Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz para encaminhar
pelo Partido Trabalhista Brasileiro.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não ia
encaminhar, mas o Ver. Nereu D'Ávila veio, e, durante a discussão do Parecer,
ele tocou no mérito do Parecer e este mérito foi amplamente discutido pela
Comissão de Justiça. Quanto ao mérito, ele dizia que o espírito do legislador,
quando fez o Regimento Interno foi exatamente limitar o número de Títulos
oferecidos. E eu quero dizer que o “espírito do legislador” daquela época foi
exatamente conter a avalanche de Títulos que a Câmara oferecia. Mas o “espírito
do legislador” não era que o limite fosse de 33, podia ser 34, podia ser 35,
podia ser 40, o que não podia era ser mil, como acontecia nos anos anteriores.
Então o que nós queríamos é que houvesse, na verdade, uma limitação com relação
àquela avalanche, mas não colocamos no Regimento Interno da Casa um número que
pudesse ser, realmente, um limite, o 33; não está escrito no Regimento Interno.
Por isto mesmo a interpretação da Comissão de Justiça, traduzida no Parecer do
Ver. João Motta, que está absolutamente correta, inclusive trazendo a lume o
espírito do legislador da época. E, por isso mesmo, a Comissão de Justiça votou
contrariamente ao Parecer do Ver. Jair Soares. O Parecer do Ver. Jair Soares
destacava exatamente este ponto, que foi referenciado aqui pelo Ver. Nereu
D'Ávila, de que o Regimento Interno, nas entrelinhas, deixa claro que o limite
é de 33, e não existe, na verdade, um limite de 33, o que existe é aquele
espírito de conter aquela avalanche de Títulos que era oferecida aqui
antigamente. Mas se formos discutir tudo que pode um Vereador suplente quando
assume, aí nós vamos chegar à conclusão de que, na verdade, ele pode tudo
quanto pode o Vereador titular. Se ele pode tudo que pode o titular, é claro
que ele também pode oferecer, quando no exercício da Vereança, quando o titular
da Vereança oferecer também o Título, conforme diz o Regimento Interno da Casa.
Por isso é que nós vamos, é claro, e nem poderia deixar de ser assim, votar
favorável ao Parecer do Ver. João Motta, que está muito bem colocado, só
retirando a parte final, quando diz que é contrária à Questão de Ordem. E não,
na verdade nós somos contrários a que o Vereador suplente, que assumiu por um
dia, não (sic) possa oferecer o Título. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib, pelo PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Lendo o parecer
do Ver. João Motta, dá a impressão de que está certo porque segundo diz ele,
não há restrição como, por exemplo, pelo parágrafo 4º, do artigo 13 que dispõe:
“Vereador suplente não poderá fazer parte da Mesa”. Mas há certas coisas que
não estão escritas, mas estão valendo plenamente.
Vejam V. Ex.ªs, o Ver.
Jair Soares pediu Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de
amanhã, e será substituído pelo Ver. Reginaldo Pujol. O Ver. Reginaldo Pujol
amanhã pode trocar a assessoria do Ver. Jair Soares? Não está escrito, mas
também não pode. É que quando se fez, se fôssemos buscar todos os detalhes,
faríamos um regimento quilométrico. Então, na realidade o que se queria é que
cada Vereador titular desse um título anualmente. Claro que não vamos pensar no
caso do Ver. Raul Carrion que tinha feito isso ou na Verª Maria do Rosário que
tenha permitido isso. Não, nada disso. Mas poderia ocorrer que o Vereador se
licenciasse, assumisse um suplente e ele daria um Título; na semana seguinte
licenciava um, o outro se declararia impedido e o terceiro daria um título, e
nós poderíamos dar 33 títulos também só na base da licença. Ora, isso não vamos
escrever.
Como não se pode trocar os assessores, eu não posso
trocar o telefone nem a posição do gabinete; ninguém vai poder fazer. Mas isso
não se escreve; são coisas que se entendem. Claro que esse projeto do Ver. Raul
Carrion já passou nas comissões, foi examinado, mas o Ver. Nereu D'Ávila
levantou uma questão para saber como é que vamos tratar, se poderá ser apresentado
pelo PC do B mais um outro Título. Eu acho que nesse ano não, a Verª Maria do
Rosário não apresentou, então não tem nenhum problema. Mas o parecer da
Comissão de Justiça, no meu entendimento, não exprime a realidade. Era isso.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jair Soares.
O SR. JAIR SOARES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Como autor do
Parecer vencido, eu quero chamar a atenção dos meus pares para o conceito desta
Casa. Repito, venho a esta tribuna para defender o conceito desta Casa. Não
assumo este posicionamento para tirar direitos de ninguém, nem meu Parecer
correu neste sentido. Meu Parecer foi claro. Diz, textualmente, o art. 134 do
Regimento, no seu parágrafo único, que em cada sessão legislativa cada Vereador
poderá figurar uma única vez como primeiro signatário de Projeto aprovado de
concessão de título honorífico.
Qual é a conclusão a que se chega?
Que há restrições à Câmara e aos Vereadores! A Câmara só pode conceder 33
títulos por ano! Mais claro que isto não existe. “Mens legis” que é a
interpretação que se aprende nos bancos universitários, diz que cabe a
interpretação da Lei, e nós, interpretando, verificamos que há um limitador,
que é 33. Não se tratou se o Vereador Suplente, em exercício, tem ou não tem
direito de apresentar. Eu digo a V. Exªs para fins de raciocínio, e
peço que meus pares prestem atenção, porque isso é importante. Eu, como o
Vereador Nereu D'Ávila, somos funcionários da Assembléia Legislativa. Eu fui
Deputado Federal. O que acontecia na Assembléia Legislativa? Os Deputados
tinham direito a tantas bolsas por ano e tantos cruzeiros em auxílio, e na
Câmara Federal da mesma sorte. O que ocorre? Quando o titular distribui as
bolsas, distribui aquele numerário em auxílio, o suplente que assume não tem
mais esse direito porque senão o dinheiro não chegaria. Quer dizer, não é um
limite para o suplente, o limite é também para nós, Vereadores. Por que nós não
podemos apresentar dois títulos? Porque o próprio Regimento nos impede. Se
impede a nós, que somos titulares, com muito mais razão aquele que ocupa a
nossa vaga, não só a cadeira no Plenário como também nas Comissões, pois o
suplente ocupa o mesmo lugar que nós ocupamos. Isso precisa ficar claro! Eu fui
Deputado Federal licenciado por três anos e nunca como titular pude apresentar,
dar, conceder, porque o suplente fazia; mesmo que eu me licenciasse do cargo de
Ministro e voltasse para exercer a titularidade do cargo que eu detinha, eu não
podia, porque esse é o espírito.
Sr. Presidente, a vida pública,
ela é cheia de decepções, eu tenho-me comportado aqui como Vereador, com toda a
intensidade e, para defender o conceito da Casa, eu cheguei a propor - não que
o meu parecer fosse votado e aprovado - a dar o título a que tenho direito,
para que se sanasse a questão, e que, na revisão que nós vamos fazer do
Regimento, se pudesse colocar, taxativamente, que se quer atender o espírito do
legislador. Eu tive espírito público. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta que fala como
relator.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu creio que o
assunto tanto é polêmico, que nesses encaminhamentos, são quatro
encaminhamentos até agora, já se apresentaram, na minha opinião, dois critérios
para resolver essa lacuna do Regimento Interno. Uma é a proposta do parecer
original feita pelo Ver. Jair Soares, e qual é o critério? É o critério da
titularidade. O segundo critério que já apareceu aqui no encaminhamento foi o critério
que eu ontem defendi na Comissão de Justiça, e me parece que o Ver. Luiz Braz
concordou, e que agora, aqui no Plenário foi sustentado pelo Vereador João Dib,
que é o critério da Bancada. Portanto, se os próprios Vereadores que me
anteciparam levantam a necessidade de ter um critério para precisar o que diz o
artigo 134, parágrafo único, é porque este não está claro e isto nós teremos
que resolver. Esta é a questão que o Vereador Jair Soares levanta: “mens
legis”, interpretação. De fato, e aqui há um consenso, o artigo visa limitar,
agora, nós estaríamos interpretando, como interpretou o Vereador Jair Soares e
como propôs. Até mesmo, caso nós tivéssemos aprovado ontem, a conseqüência
seria que a Comissão que está sendo montada, constituída, para revisar o
Regimento, já teria que acatar o Parecer do Vereador Jair Soares, como norma
para o Regimento, a não ser que a modificasse, posteriormente; essa é a
questão. Portanto, o que a Comissão de Justiça preferiu? Aí, acho que a
Comissão de Justiça teve espírito público, porque ontem, nesta, eu propus, que
ao invés do critério da titularidade, para evitar o constrangimento para a
Vereadora Clênia Maranhão, que não fosse, portanto, o critério da titularidade,
mas sim da Bancada. Que isso fosse um problema que o PC do B resolvesse, quando
partido, e não da titularidade, mas nem isso avançamos na discussão. Para sair
do impasse, quis por bem a Comissão de Justiça, por maioria, apenas localizar o
problema. Está advertindo, aqui no Parecer, “a não ser que se faça uma alteração
no Regimento”, portanto, enquanto esse não for modificado, permanece esta
interpretação: Vereador suplente, quando tem uma atribuição que ele não pode
exercer, o Regimento prevê expressamente, porque não existe para o Regimento
Interno, não interessando se ele está errado ou certo, para esse Regimento não
interessa se o Vereador suplente tem a metade, apenas. É meio Vereador. Não
existe essa hipótese. O Regimento está perpassado, pelo princípio de que o
Vereador suplente ao assumir a titularidade, a exerce, a assume em sua
plenitude. Há duas restrições: uma delas é esta, prevista no artigo 13, que diz
expressamente: a exceção: Vereador suplente não poderá fazer parte da Mesa.
Depois, tem uma segunda restrição expressamente prevista no Regimento.
Portanto, preferiu a Comissão de
Justiça esta interpretação e esta decisão: cumpra-se o Regimento, porque se nós
quisermos restringir o direito de qualquer Vereador suplente - e aqui não é o
problema do Ver. Carrion - nós teremos que colocar expressamente no Regimento.
Até lá: cumpra-se o Regimento. E aí, sinto muito, mas o parecer foi derrotado.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo Partido inscrito é o PC do B. Com a
palavra, a Ver.ª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, penso
que essa Questão de Ordem levantada pelo Ver. Nereu D'Ávila foi de extrema
importância para esta Casa, principalmente no sentido de se pensar a concessão
de títulos e a valorização realmente do que significa um título concedido pela
Câmara Municipal de Porto Alegre, o título de Cidadão de Porto Alegre. E essa
discussão o Vereador trouxe no momento em que fez a sua Questão de Ordem.
Eu concordo com o parecer do Ver.
João Motta aprovado na Comissão de Justiça, principalmente porque o parecer do
Vereador consegue interpretar o que é o Regimento da Casa. E é claro, entre
nós, que o Regimento da Casa pensa em valorizar o título e restringir a
concessão de títulos. No entanto, o Regimento da Casa não fala o número de títulos
honoríficos e dá o direito a cada Vereador, no momento do seu exercício como
Vereador, de propor ao Plenário desta Casa, que aprova ou não - de acordo com
os critérios do próprio Regimento - a concessão de títulos. E me parece que é
isto que diz o art. 134. Querer modificar o art. 134, regulamentá-lo, pensá-lo
melhor e pensar na concessão de títulos; passar, inclusive, a um critério de
Bancada, na concessão de título, passa por uma alteração do Regimento e não
pela interpretação do Regimento atual, porque isso seria, no mínimo, uma
“forçação”.
Quero dizer a V.Ex.ªs
que uma das questões essenciais em pauta, neste momento, é compreendermos que
existem duas figuras nesta Casa, a de Vereador em exercício pleno, o titular do
mandato, e a de suplente de Vereador. O suplente de Vereador não tem as prerrogativas do Vereador. O suplente não é o
Vereador em exercício, mas quando esse Vereador assume o mandato ele não é mais
suplente de Vereador, não é um Vereador de segunda categoria, mas é um Vereador
em exercício de um mandato parlamentar, um dos 33 Vereadores que esta Casa tem.
Então quando um Vereador assume, ele tem o direito que o Regimento lhe assegura
de apresentar propostas, de apresentar Projetos de Lei, Indicações e tem o
direito às prerrogativas de um Vereador titular e, portanto, à concessão de
título honorífico também.
Então, nesse sentido Srs. Vereadores, é que nos
parece que não estamos passando pelo espírito do legislador, de valorização do
título, mas garantindo que aquele que está em exercício pleno, por vontade do
povo desta Cidade, possa exercer esse direito que lhe foi concedido pelo voto
popular e neste exercício fazer as suas proposições. É com isso, Srs.
Vereadores, que eu quero, em nome da Bancada do PC do B, defender o direito do
suplente de Vereador Raul Carrion, que quando Vereador em exercício apresentou
esse Projeto de Lei que ora tramita nesta Casa e que, inclusive, já teve a sua
passagem pela Comissão de Constituição e Justiça e pelas Comissões da Casa.
Por último, Sr. Presidente, me
parece importante resgatar o mérito dessa proposição do Ver. Raul Carrion de
homenagear um lutador desta Pátria e que todos nós sabemos merecedor desse
título. Então, o Ver. Raul Carrion, com essa tentativa de homenagem, interpreta
o sentimento de todos nós. Era isso, obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDT, Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Essa questão só
se torna complexa porque o Regimento, efetivamente, não define, com todas as
palavras, os limites para apresentação dos títulos. E é verdade que o suplente
- como disse a Verª Maria do Rosário - quando assume a titularidade, é titular.
Nós não temos como diferenciar, no aspecto das prerrogativas, tanto quanto do
voto, o Vereador titular do Vereador suplente.
Mas é importante registrar, Ver.
Jair Soares, que o parecer de V.Ex.ª só merece o qualificativo de brilhante na
medida em que analisa a questão e propõe uma interpretação com a qual não
concorda este Vereador, mas que, sem dúvida, deve ser o fundamento maior, para
a alteração que nós, desde logo, devemos propor no Regimento Interno. Nós não
temos mais como conviver com uma situação como esta, que nos coloca de um lado
a obrigação de interpretar o Regimento e, de outro, o constrangimento de, nessa
interpretação, cercear um colega no Plenário na sua prerrogativa, na sua
titularidade do mandato. É uma situação com a qual nós não podemos e não
queremos conviver. E acho que o parecer brilhante do Ver. Jair Soares, nos
coloca essa possibilidade a partir de agora. Mas seria injusto, antes dessa
definição, com todas as letras, todas as palavras do Regimento Interno, antes
da alteração, cercear S. Exª o Ver. Raul Carrion, na sua prerrogativa, que até
agora não estava definida.
Acho que V. Exª, Ver. Jair Soares,
demonstrou realmente espírito público quando ofereceu a sua vaga de título para
o Ver. Raul Carrion. Mas, efetivamente, seria uma solução emergencial, correta
da parte de V. Exª, mas não solucionaria a questão que temos pela frente, e
temos que enfrentá-la. Temos que modificar o Regimento Interno e ter essa
situação clara, porque quantos suplentes ainda teremos no exercício do mandato?
Lembro que há alguns anos atrás,
antes da atual Lei Orgânica e do atual Regimento, tivemos suplentes nesta Casa,
o Ver. Isaac Ainhorn fazia parte da Mesa e era suplente - no ano 86 e 87 - com
o Ver. Adroaldo Corrêa foi o mesmo caso. Então, temos precedentes, em relação
aos quais ficaria injusto colocar, agora, para o Ver. Raul Carrion, a situação
de não poder apresentar o seu título. Mas tenho certeza de que a polêmica
surgida, Sr. Presidente, a partir dessa situação criada involuntariamente pelo
Ver. Raul Carrion, nos dará obrigação de rever imediatamente o Regimento
Interno, buscando, talvez, o fundamento do Ver. Jair Soares, ou outro
fundamento, e até a definição do que é o exercício da Vereança e a Vereança na
titularidade.
Mas no momento seria grave
injustiça cercear a prerrogativa de qualquer Vereador titular desta Casa e o
suplente de apresentar o título. Encaminho, portanto, em nome do nosso Partido
PDT, ressalvando que não é uma posição unânime de Bancada. Há Vereadores, como
é o caso do Ver. Nereu D'Ávila que não tem essa posição de votar favoravelmente
ao Parecer. Salientando a partir de agora que nós todos temos a obrigação de
rever a questão e definir de uma forma que não permita mais esse tipo de
discussão e constrangimento que nos foi atribuído no dia de hoje. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A Casa sabe
que tivemos o papel muito importante na apresentação do projeto de Regimento
Interno, que é quase o que está em vigor na Casa.
É claro que a nossa intenção foi a
de oferecer um projeto original para que ele fosse amplamente discutido. Hoje
estamos percebendo junto com a Casa que existem deficiências. E é natural, é
justo que estamos procurando dirimi-las.
O Regimento Interno tem que ter
uma característica. Ele tem que ser o mais objetivo possível porque ele regra a
vida da Casa, nas questões fundamentais. Nesse caso, estamos diante de um fato
concreto.
Se de um lado a intenção do
legislador, quando aprovou o Regimento Interno, foi a de enxugar o número de concessões
de títulos, também, do outro lado, não teve a intenção, o legislador, de
cercear a atividade parlamentar dos trinta e três Vereadores. No caso, o
suplente é um Vereador como outro qualquer, quando assume a função de Vereador.
Neste caso, nós temos de nos
cingir a esta questão: ou o Vereador suplente assume, integralmente, o seu
mandato na condição de Vereador, quando é suplente, ou não assume. Mas parece
que não é a intenção da Casa cercear a atividade parlamentar do Vereador.
Então, nós somos favoráveis a que,
no caso presente, se dê ao suplente o direito de apresentar o título de
cidadão, como é o caso que nós estamos discutindo. Posteriormente, vamos
discutir essa questão na reformulação do Regimento Interno. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Passe-se à votação
que será nominal.
Solicito ao Sr. Secretário que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.)
Sr. Presidente, 21 Srs. Vereadores votaram SIM, 04 Srs.
Vereadores votaram NÃO e 01 Sr. Vereador se absteve.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o
Parecer nº 239/93 da CCJ.
(Votaram SIM
os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, este com Declaração de Voto,
Clóvis Ilgenfritz, Divo do Canto, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique
Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Pedro Ruas, Gerson Almeida,
Dilamar Machado, Eliseu Santos, Geraldo de Matos Filho e Jocelin Azambuja.
Votaram NÃO os Vereadores Jair Soares, João Dib, Pedro Américo Leal e Fernando
Zachia., e optado pela ABSTENÇÃO o
Vereador Nereu D'Ávila.)
PROC. 1979/93 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 100/93, do Ver. Raul Carrion, que concede o título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Euzébio Rocha Filho.
- da CCJ e
da CEC. Relator-Geral, Vereador Isaac Ainhorn: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral o PLL nº 100/93. Com a
palavra, a Ver.ª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no mês
de outubro, a Petrobrás estará comemorando 40 anos. Esta Casa aprovou uma
homenagem à Petrobrás em que o espírito, desta homenagem, é a defesa do
monopólio estatal do petróleo e do significado, desta empresa, para o
desenvolvimento nacional de cunho independente e soberano. É na esteira desta
homenagem e contra as investidas que são promovidas, cotidianamente, à nação
brasileira que o Sr. Euzébio da Costa Filho receberá este título da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Então nos parece, Ver. João Dib, que este cidadão
prestou ampla contribuição a nossa Cidade, porque esta Cidade faz parte de um
todo, e isso é o óbvio. Faz parte de um país aviltado, desde o seu
descobrimento, e que particularmente, neste momento, com a política neoliberal,
com a tentativa de reduzir o Estado ao mínimo, de retirá-lo de setores
essenciais da economia, e com a tentativa, particularmente, da privatização da
Petrobrás, homenagear este senhor, Euzébio da Rocha Filho, é homenagear uma
luta, uma bandeira. É nesse sentido que acho que seu argumento é completamente
contrário ao sentimento dos porto-alegrenses, de serem cidadãos brasileiros e de
quererem um País independente e livre. Por isso, Srs. Vereadores, acho que
devemos considerar, nessa homenagem, a figura de Euzébio da Rocha Filho, não
somente como serviços prestados à Nação, mas, inclusive, como serviços
prestados a Porto Alegre, na concessão do título de Cidadão. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queria discutir, está
encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.)
O Ver. Milton Zuanazzi, do PDT,
está com a palavra para encaminhar.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que me
perdoe o Ver. João Dib, pessoa de quem eu, pessoalmente, e tenho certeza de que
a nossa bancada, tem o maior respeito e até um certo orgulho por ser nosso
colega na Câmara de Vereadores, mas o argumento de que uma pessoa não está apta
a receber um título de Cidadão de Porto Alegre, apesar de ter prestado grandes
serviços ao Brasil, francamente ilustre Ver. João Dib, não cabe. É como se a
nossa Cidade não tivesse nada a ver com as lutas do nosso País. É como Porto
Alegre tornar-se uma ilha dentro desse imenso Brasil, e é como se determinadas
lutas como a do “Petróleo é nosso”, onde Euzébio Rocha foi um dos líderes.
Talvez não haja na nossa história um momento de prova com conteúdo de que este
País não precisa ser eternamente uma colônia e que pode, por suas forças e
inteligências, dar certo. Lá em 1950 também diziam que o petróleo não poderia
ser dirigido pelos brasileiros - não havia técnica, competência ou qualificação
- e hoje, quarenta anos depois, a Petrobrás está aí a mostrar que é uma das
líderes em prospecção de petróleo em alto mar. Não podemos restringir nossos
títulos honoríficos a questões meramente da Cidade, pois estaríamos nos
reduzindo a uma postura burocrática e cartorial sobre a visão política de ser
Vereador. De forma que a nossa Bancada, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
encaminha a favor da concessão deste título a um cidadão do porte de Euzébio
Rocha; cidadão que o Brasil tem que reverenciar, que o Rio Grande tem que
reverenciar e que Porto Alegre reverencia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida para
encaminhar pelo PT.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Considero que o cidadão Euzébio Rocha merece o título da cidade de Porto Alegre, porque prestou relevantes serviços à Nação e, certamente, à Porto Alegre, que ficará honrada por tê-lo como seu cidadão. Mais do que Euzébio Rocha, me parece que a concessão deste título por esta Câmara tem um significado político da maior importância, pois este ano comemora-se uma década da Petrobrás e os serviços que ela tem prestado são da maior relevância para o desenvolvimento nacional; este é o significado maior. Foi escolhido um personagem que está vinculado a todas essas décadas de luta e construção da Petrobrás e tudo o que ela significa para o País.
Portanto, o título a Euzébio Rocha homenageia, mas homenageia especialmente aquilo que ele simboliza. Todo mundo tem discutido a histórica campanha de que o Petróleo é nosso, aquela campanha veio no rastro de um projeto de desenvolvimento nacional, um projeto ao qual o meu partido já teceu várias críticas. É preciso reconhecer que o período das reformas de bases foi o último grande momento onde estava construído um projeto nacional, independente de críticas, convenções que façamos, concordemos ou não completamente, mas a verdade é que era um projeto nacional consolidado e construído. Logo após foi destruído, foram construídos outros, talvez, mas a Petrobrás ficou como um exemplo de uma idéia de tentativa de construção de desenvolvimento autônomo, e colocação do País em estágio de desenvolvimento em várias áreas básicas da produção e da economia. Por último, se essa era a idéia do início dos anos sessenta, logo depois o desdobramento e a massificação popular que aquele projeto teve foi cortado pelos eventos que todos nós conhecemos. Se o conjunto do projeto não deu certo, a Petrobrás se afirmou como a Empresa de prospecção de petróleo entre as primeiras do mundo, e reconhecida internacionalmente. Com a prospecção de petróleo em alto mar, ela é exportadora de tecnologia, um dos poucos ramos da economia em que o País é exportador de tecnologia.
Por tudo isso devemos aprovar,
talvez não por unanimidade, mas por uma larga maioria, este projeto de
concessão de Título de Cidadão Emérito. E com isso estamos reafirmando um
compromisso com o monopólio estatal do petróleo, assim como outros ramos
essenciais da economia que hoje estão em discussão no País; e a questão da
revisão constitucional, por exemplo, demonstra que ela é divisor de águas.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos.
Solicito ao Sr. Secretário que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs.
Vereadores.) Sr. Presidente, 25 Srs. Vereadores votaram SIM e 02
Srs. Vereadores se abstiveram.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO
o PLL nº 100/93.
(Votaram SIM
os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Fernando Zachia,
Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
João Motta, João Verle, José Gomes, Jocelin Azambuja, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro
Ruas, Wilton Araújo e Gerson Almeida, e optado pela ABSTENÇÃO os Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria da Verª Maria do Rosário
solicitando seja o PLL nº 100/93 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1920/93 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 98/93, do Ver. Wilton Araújo, que concede
o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Conferencista Espírita Sr.
Divaldo Pereira Franco.
- da CCJ e da CEC. Relator-Geral, Ver. Elói
Guimarães: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos para a discussão e
encaminhamentos. Passa-se para a votação que será nominal.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs.
Vereadores.) Sr. Presidente, 23 Srs. Vereadores votaram SIM e 02
Srs. Vereadores se abstiveram.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 98/93.
(Votaram SIM
os Vereadores Airto Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar
Machado, Divo do Canto, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, Jocelin
Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do
Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Wilton Araújo e
Gerson Almeida, e optado pela ABSTENÇÃO
os Vereadores Eliseu Santos e João Dib.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo,
solicitando seja o PLL nº 98/93 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais
Requerimentos, conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Ainda, Requerimento do Ver. Décio Schauren,
solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 27/93 seja
considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões
de Constituição e Justiça e de Economia e Defesa de Consumidor.
Encaminha o Ver. Décio Schauren.
V.Ex.ª tem cinco minutos.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, talvez,
alguns Vereadores estranhem o pedido de urgência deste Projeto. O que acontece
é que o Projeto anterior, que prevê que os estabelecimentos do comércio
varejista terão que fixar os preços da cesta básica, e aprovado por esta Casa,
na verdade, este Projeto teve um pequeno problema com relação a um produto que
consta na lista da cesta básica, que é a banha, e que hoje não se usa mais,
praticamente, e nós teríamos que substituir por óleo. Então, estou fazendo
exatamente esta correção à Lei aprovada para que a SMIC possa implementar a
fiscalização, porque, de fato, banha os supermercados não vendem mais, vendem
óleo. Portanto, ficaria fora o produto que é fundamental na cesta básica hoje,
mas a Lei antiga prevê a banha e não o óleo. Estou fazendo essa alteração
exatamente para poder implantar a fiscalização da lei e pediria urgência para
que a SMIC possa agir em casos de observação à Lei, já aprovada há pouco tempo
nesta Casa.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Solicito ao Sr.
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs.
Vereadores.) Sr. Presidente, 15 Srs. Vereadores votaram SIM, 06
Srs. Vereadores votaram NÃO e 03 Srs. Vereadores ABSTIVERAM-SE
de votar.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento.
(Votaram SIM
os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário e Pedro Ruas. Votaram NÃO
os Vereadores Dilamar Machado, Eliseu Santos, Geraldo de Matos Filho, Jair
Soares, João Dib e Pedro Américo Leal, e optado pela ABSTENÇÃO os Vereadores Fernando Zachia, Jocelin Azambuja e Nereu
D'Ávila.)
O SR. PRESIDENTE: Ainda, o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa,
solicitando Moção de Repúdio à decisão que concedeu “habeas corpus” a Paulo
César Farias.
Para encaminhar o Requerimento com
a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com todo o respeito que nos merece o Ver. Guilherme Barbosa, mas nos parece que este Requerimento apresentado não caberia. Por quê? Porque a Justiça tem os seus trâmites normais, processuais e esses cidadãos, independente da nossa posição pessoal em relação a eles, respondem a vários processos. Eu, até como advogado, não posso cometer um ato de heresia, até em desrespeito a própria Justiça, admitir que se pudesse contestar uma decisão que é legal, está prevista dentro do Código de Processo Civil e não temos como repudiar um ato que é legal. Nós podemos repudiar um ato ilegal, uma medida contrária a princípios legais, mas repudiar o fato de eles terem recebido um “habeas corpus” num dos processos, e há vários processos que eles respondem, e nós não sabemos nem o mérito desse processo, não conhecemos nem a realidade fática e legal desse processo. Não nos caberia, como Câmara de Vereadores, dar tal interpretação. Nós temos que ter sempre em consideração, e isto é importante quando se faz esses requerimentos, aspectos de legalidade, que nós não podemos entrar em conflito. Por isso, Ver. Guilherme Barbosa, eu entendo a sua ansiedade, que é minha também, como o é de todos os brasileiros neste momento, de ver esses cidadãos responsabilizados criminalmente, pois este é o nosso desejo, até como exemplo a esta sociedade, que está tão agredida pelos crimes que não são justamente julgados de acordo com os interesses maiores da sociedade, mas nós temos uma hierarquia legal da qual não podemos fugir. Nós temos um Código de Processos na área penal, na área cível, nós temos que ter, justamente, consciência desta realidade. E o magistrado, quando tomou essa deliberação, a tomou, evidentemente, dentro das condições legais e à luz de um direito que ele conhecia profundamente, que estava dentro da realidade processual. Mas claro que nós, como cidadãos, lhe daríamos todo o apoio a esta manifestação. Mas como Vereadores desta Casa, e como instituição Câmara de Vereadores, entendemos que não caberia.
Por isso, Ver. Guilherme Barbosa,
eu entendo que seria mais adequado que V. Ex.ª retirasse até esta Moção, uma
medida até no sentido de não se entrar em choque dentro de uma realidade que
não caberia neste momento. E até repercutiria, entendo eu, de forma extremamente
negativa para esta Casa, qualquer Moção em relação à decisão soberana do
Tribunal Regional Federal. Eu posso-lhe dizer, por exemplo, que nós tivemos
aqui, em Porto Alegre, uma decisão quanto ao calendário rotativo, tomada pelo
Pleno do Tribunal de Justiça, e uma decisão que eu considero lamentável, sob
todos os aspectos, que foi contrária aos interesses da comunidade escolar do
Rio Grande do Sul, contrária à sociedade, eu apelei à Corte Suprema, e estou
aguardando a decisão. Agora, não caberia eu aqui pedir uma Moção de Repúdio ao
Pleno do Tribunal, porque não concedeu o mérito daquilo que buscávamos. Por
isso, Ver. Guilherme Barbosa, apelamos a V. Ex.ª no sentido de retirar esta
moção para que não nos obrigue a votar contrário a ela. Era isso. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver.
Guilherme Barbosa, o Instituto do Habeas Corpus não é uma novidade no Direito
Brasileiro nem, tampouco é privilégio da Justiça deste País. Ele é uma
instituição secular e é tão importante o “habeas corpus”, e ele não julga
mérito de crimes, de contravenções. Ele é tão importante que quando neste País
se instalou uma ditadura militar em 1964, apelidada de revolução redentora, foi
um golpe militar clássico. Uma das primeiras medidas do governo de força foi
abolir o “habeas corpus”, e durante os anos da ditadura, esta foi uma das lutas
da anistia e do povo brasileiro pela recuperação da sua liberdade, do seu
direito de votar, de ser votado, de escolher prefeito e governador, etc, foi
pela reconstituição do “habeas corpus”. Como ocorre, o “habeas corpus” é
chamado de um dos remédios legais. O Juiz Castelo Branco, de Brasília, decretou
a prisão preventiva do Sr. Paulo César Farias e do seu piloto Jorge Bandeira de
Melo. Quando um juiz decreta a prisão preventiva, ele justifica essa prisão,
ele arrazoa, ele diz: “Estou pedindo a prisão preventiva”. E prisão preventiva
não significa jamais mérito, jamais condenação, é apenas a questão ou do clamor
público ou da possibilidade daquela pessoa que está em julgamento, vai
intimidar testemunhas de acusação ou que vá se evadir da Justiça. É uma questão
cautelar do juiz em decretar a prisão.
Agora, é um direito dos advogados
de defesa, até do Paulo Farias, e V.Ex.ª, Ver. Guilherme, que no direito
internacional que mesmo aqueles homens que vão para os corredores da morte nos
países onde a pena de morte é lei, mesmos aqueles homens, assassinos, cruéis,
hediondos, têm direito a defensor, tanto que se um réu, o mais bandido e
miserável que seja, chegar num Tribunal sem advogado, o juiz não faz audiência.
Ele designa um defensor público, gratuito.
O direito de defesa existe até
para o bandido, e até para o Paulo César Farias, que é notoriamente um
contraventor, um sonegador, um corruptor, um corrupto, não há dúvida que ele é
isso. Quem concedeu “habeas corpus” foi um juiz, foi um tribunal composto de
vários desembargadores, que se reuniram, um relatou, o outro votou, o outro
presidiu e, por maioria, decidiram concessão de “habeas corpus”, ou seja,
aquele decreto de prisão preventiva fica anulado, mas ao mesmo tempo o Supremo
Tribunal também tem uma ordem de prisão preventiva contra o senhor PC e o Jorge
Bandeira de Melo, tanto que os advogados já estão entrando com o mesmo
instituto do “habeas corpus” perante o Supremo.
Eu quero dizer ao nobre
companheiro Guilherme Barbosa que eu, como modesto Bacharel em Direito,
considero um ato agressivo a um Tribunal Regional Federal mandar uma moção de
repúdio de uma Câmara de Vereadores.
A minha sugestão a V.Ex.ª seria retirar, desistir. Eu entendo a sua intenção. E no mérito, eu estou a seu lado. Mas formalmente, tecnicamente é complicado. Se for à votação, eu voto contra, não porque seja a favor deste cidadão e de seu co-piloto, ao contrário, eu quero que se lixem. Eu não posso, como advogado, inscrito na OAB, repudiar um decisão de um Tribunal sem conhecer os autos do processo, mas a técnica eu conheço. Os Tribunais podem conceder “habeas corpus” a bandidos notórios e públicos quando o Decreto de Prisão Preventiva é malfeito. Eu já consegui entrar em plantão policial e desmanchar, na frente do Delegado de Polícia, um auto de prisão em flagrante, ou no dia seguinte, através de um “habeas corpus”, desmanchar esse auto, quando vai para uma das Varas Criminais, para o Juiz, porque ele é malfeito.
Todo mundo sabe que o Paulo César não vale nada. Mas ocorre que nesse Processo, em que a sua prisão preventiva foi decretada, é uma questão de sonegação fiscal. Talvez os juízes tenham concluído, ao examinar o Decreto de Prisão Preventiva, que não estava, naqueles autos, caracterizado o crime. Isto não quer dizer que o Paulo César Farias não vá ser processado, tenha o direito de defesa, de ser julgado e aí eu confio na Justiça brasileira, condenado, porque indiscutivelmente ele é publicamente um transgressor das mais elementares leis deste País. Nesse sentido o meu apelo a Vossa Excelência, se não quiser retirar, definitivamente, o Requerimento, que acordemos, aqui na Casa, com a Mesa, de suspender, por alguns dias, a votação desta Moção de Repúdio, até para que Vossa Excelência e outros Vereadores tenham um aprofundado conhecimento sobre as razões que levaram o Tribunal a conceder o “habeas corpus” a Paulo César Farias e Bandeira de Melo. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunico à Casa a decisão da Suprema Corte do
País, noticiada, há pouco: foi suspensa a cobrança do IPMF até o mês de
dezembro.
Com a palavra, o Ver. Pedro
Américo Leal, do PPR.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo Sr. Wilton Araújo, meus
colegas Srs. Vereadores. Ontem todos assistiram, eu tomei a iniciativa de,
justamente, criticar, como Pedro Américo Leal, esta decisão do Tribunal
Regional Federal, em Brasília, dando a este malabarista, corrupto, Paulo César
Farias, o famoso “PC”, a faculdade de ter a prisão preventiva decretada pelo
Juiz Pedro Castelo Branco, da Terceira Turma daquele Tribunal, tornada sem
efeito.
Gostaria de chamar a atenção de meus colegas para
analisarem meu procedimento como Vereador. É outro, e tenho pugnado, nesta Casa
para que eliminemos os Votos de Apoio e de Repúdio. Ontem o político, o homem
de televisão, tomava a iniciativa de criticar isso; hoje, aqui, ele se inibe de
fazer isso. Mas pela Casa! Não posso fazer isso! Um Voto de Repúdio ou de
Apoio, só pode partir quando os trinta e três Vereadores concluírem que ele é
válido. Não posso arrastar um colega que não concorde comigo. Estamos
banalizando o engajamento desta Casa em votos, sem nenhuma alusão ao ilustre
Ver. Barbosa, que sabe da minha posição. Sempre venho, numa verdadeira
catequese aos meus companheiros, chamar a atenção para isso. Temos que eliminar
os Votos de Repúdio e de Apoio, não podemos banalizar a Casa. O homem que ontem
bradava na televisão e chamava a atenção do público sem nenhuma alusão de
qualquer um colega da Bancada, hoje, pede aos seus companheiros e pede ao
Vereador-autor que retire. Evitemos fazer Votos de Apoio e de Repúdio! Não
podemos engajar a Câmara Municipal, um Poder Legislativo, contra um Tribunal
Federal. Para quê? Isso tem que acabar! Nós temos que mudar o Regimento
Interno. Temos que resguardar, não podemos arrastar companheiros. Só se os
trinta e três Vereadores concordarem. Aí Porto Alegre e o Rio Grande vão olhar
até com receio: “A Câmara apresentou um Voto de Apoio, a Câmara apresentou um
Voto de Repúdio, do que se trata?” É isso que precisamos. E não os votos
semanais de apoio e de repúdio que o povo nem dá importância porque não têm
nenhuma significação. Quero outra vez pedir aos meus companheiros, meus pares,
meus amigos, para que marchemos para a mudança do Regimento. Só quando nós
todos concordarmos, aí a Câmara se levanta e toma posição. Porto Alegre vai nos
observar com muita atenção. “O que houve que levou a nossa Câmara a fazer isso,
repudiou, apoiou.” E não esse verdadeiro festival de Votos de Apoio e de
Repúdio. Chamo a atenção pois, por coincidência, abordei ontem em televisão,
repudiando, como Pedro Américo Leal, como jornalista que sou com muita honra,
radialista, o que posso fazer. Mas na Bancada eu não posso proceder assim
porque estarei arrastando todos os Senhores e a Câmara. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa registra a inexistência de
“quorum”. Excepcionalmente, dado que outros encaminharam, nós não tínhamos o
“quorum” que era de 17, nós vamos deferir ao Vereador Guilherme Barbosa
cinco minutos para encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem
coincidiu de assistir o Ver. Pedro Américo Leal, no Canal 2. Quanto ao voto do
Ver. Pedro Américo, não consigo entender como ele se separa, em algumas
ocasiões, da sua função de Vereador e se transforma em jornalista. Acho que
nenhum de nós, em nenhum momento, deixa de representar o povo desta Cidade.
Mas evidente, que não consigo
fazer, como alguns colegas, que, aqui, me antecederam, uma discussão de caráter
jurídico. Mas vou buscar nos jornais de ontem, da nossa Cidade, alguns
argumentos. Ver. Dilamar Machado, o que embasou a decisão da 3ª Turma do TRF
foi o argumento de que os foragidos não ameaçam a ordem pública do nosso País e
que não haveria problema de eles cumprirem a determinação se estivessem no
País. Ora, não há maior falácia do que esses argumentos brandidos pelos juízes
para darem o “habeas corpus” a esse reconhecido ladrão do nosso País. Ao mesmo
tempo já havia sido negado o mesmo “habeas corpus” pelo Ministro Galvão ao Sr.
PC Farias. Como podemos avaliar que uma turma ou um determinado juiz dá um “habeas
corpus” a PC e a seu piloto e outro juiz não o dá.
A Moção de Repúdio por mim
proposta, e que votaríamos, não questiona de forma nenhuma, nem o Instituto do
“habeas corpus”, nem o Poder Judiciário, mas sim uma medida que já tinha sido
negada por outro juiz. Não está em jogo um questionamento do Judiciário. Mas
está em jogo, sim, os argumentos utilizados por essa Turma ao fornecer o
“habeas corpus” ao Sr. PC Farias e ao seu piloto. São argumentos e questões
políticas que me fizeram apresentar esse requerimento a esta Casa.
É uma ofensa! Essa decisão é uma
ofensa a todo o País, a toda a população que poucas vezes teve o consenso de
tirar da Presidência da República o Sr. Fernado Collor de Mello, mancomunado
com o Sr. PC Farias e todo o seu esquema, roubou o dinheiro público ou não?
Esta decisão é uma decisão que ultrapassa as questões legais. É uma decisão
política. E não podemos, nós representantes da população desta Cidade, que se
inflamou, que foi às ruas para derrubar esse governo corrupto e ladrão, mais o
Sr. PC Farias - que era o seu braço direto de extorquir a população, em várias
empresas e entidades -, não podemos ficar aqui em questões de caráter jurídico
para não votar esse Requerimento.
Mas de qualquer forma, em face da
ausência de “quorum”, e da consideração de V.Ex.ª, Ver. Dilamar Machado, se a
Mesa assim achar indicado, poderíamos, deixar para sexta-feira a votação e a
consideração desse Requerimento para a próxima Sessão.
Volto a insistir que é um
requerimento que tem um caráter político dos mais profundos, porque foi um
tapa, foi um acinte a toda a população brasileira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h04min.)
* * * * *